Kremlin diz que Rússia está unida em torno de Putin e rejeita críticas do Ocidente

Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, disse a jornalistas que participação e preferência recordes por Putin na eleição foi confirmação eloquente do nível de apoio de Putin entre a população

Reuters

TV mostra vitória eleitoral de Vladimir Putin em Moscou - 17/3/2024 (Reuters/Maxim Shemetov)

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Moscou (Reuters) – O Kremlin comunicou nesta segunda-feira (18) que a reeleição do presidente Vladimir Putin mostrou que o povo russo está unido em torno dele e que Moscou não se interessa pelas críticas de Washington, já que os Estados Unidos estão de fato em guerra com a Rússia na Ucrânia.

Putin obteve 87%, ou 76 milhões de votos, de longe a maior vitória na história da Rússia pós-soviética, de acordo com resultados oficiais depois de quase todos os votos terem sido contados. A participação foi superior a 77%, também a maior da história pós-soviética da Rússia.

“Esta é a confirmação mais eloquente do nível de apoio da população do país ao seu presidente e da sua consolidação em torno dele”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.

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As reações contrastantes ressaltaram as rupturas geopolíticas que se ampliaram desde que a Rússia lançou uma invasão em grande escala na Ucrânia há dois anos, desencadeando a mais profunda crise nas relações com o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

“O processo eleitoral na Rússia ocorreu em meio à repressão acumulada contra a sociedade civil e todas as formas de oposição ao regime, com restrições ainda mais severas à liberdade de expressão e à proibição da mídia independente”, disse o Ministério das Relações Exteriores da França.

“As condições para uma eleição livre, pluralista e democrática não foram atendidas.”

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O ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, afirmou que o resultado da eleição destacou a “profundidade da repressão” na Rússia. “Putin remove seus oponentes políticos, controla a mídia e depois se consagra vencedor. Isso não é democracia”, disse Cameron.

Um porta-voz do governo alemão declarou que o chanceler Olaf Scholz não parabenizaria Putin por sua reeleição porque “o resultado foi predeterminado”.

Para a Casa Branca, as eleições russas “obviamente não foram livres nem justas”, uma vez que Putin prendeu seus oponentes e impediu que outros concorressem contra ele.

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“Discordamos veementemente desta avaliação dos Estados Unidos. Essas avaliações são esperadas e previsíveis, dado que de fato os Estados Unidos são um país profundamente envolvido na guerra na Ucrânia. Este é um país que está, de fato, em guerra conosco”, declarou Peskov. “Esta não é uma opinião que estamos prontos para ouvir e que seja até importante para nós”, completou.

Peskov disse que se o Ocidente quiser falar sobre a ilegitimidade das eleições russas estaria sugerindo que 87% dos votos dados a Putin são ilegítimos, algo que, segundo ele, seria ridículo. “Isso é um absurdo”, afirmou Peskov.

Questionado sobre os apelos de alguns ativistas da oposição russa para declarar as eleições russas ilegítimas, Peskov disse que pessoas como a viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, perderam contato com a Rússia.

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“Há muitas pessoas que se separaram completamente da sua terra natal. A Yulia Navalnaya que você mencionou está se movendo cada vez mais para este campo de pessoas”, disse Peskov.

Ele afirmou que essas pessoas “perdem as raízes, os laços com a sua terra natal, perdem a compreensão da sua terra natal e deixam de sentir o pulso do seu país”.