Justiça dos EUA impede Trump de demitir diretora do Federal Reserve, por enquanto

Decisão judicial garante que Lisa Cook participe da próxima reunião de política monetária do Fed, em meio a tensões sobre a independência do banco central

Gabriel Garcia

Federal Reserve Governor Lisa Cook attends the Federal Reserve Bank of Kansas City's 2025 Jackson Hole economic symposium, "Labor Markets in Transition: Demographics, Productivity, and Macroeconomic Policy" in Jackson Hole, Wyoming, U.S., August 23, 2025. REUTERS/Jim Urquhart
Federal Reserve Governor Lisa Cook attends the Federal Reserve Bank of Kansas City's 2025 Jackson Hole economic symposium, "Labor Markets in Transition: Demographics, Productivity, and Macroeconomic Policy" in Jackson Hole, Wyoming, U.S., August 23, 2025. REUTERS/Jim Urquhart

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Um tribunal federal dos Estados Unidos decidiu nesta terça-feira (9) que o presidente Donald Trump não pode, por enquanto, demitir Lisa Cook, integrante do conselho do Federal Reserve.

O republicano havia tentado demitir a economista, alegando supostas irregularidades em declarações de imóveis usadas em financiamentos, acusações que não foram confirmadas.

A juíza Jia Cobb, responsável pelo caso em Washington, determinou que Cook não poderá ser afastada enquanto durar o processo.

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Em sua decisão, Cobb afirmou que há indícios de que a tentativa de destituição violou a lei que rege o Fed, segundo a qual governadores só podem ser removidos “por justa causa”.

Com a decisão, Cook terá direito de participar da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) marcada para a próxima semana.

O encontro é considerado crucial, já que há expectativa de que o banco central corte os juros pela primeira vez em 2025, em meio ao arrefecimento do mercado de trabalho norte-americano.

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Trump tem aumentado a pressão sobre o Fed nos últimos meses, criticando a resistência da maioria dos diretores, incluindo Cook, em seguir suas recomendações de cortes agressivos de juros.

A defesa de Cook comemorou a medida, destacando a importância de resguardar a independência do Fed frente a pressões políticas.

“Permitir uma remoção ilegal colocaria em risco a estabilidade financeira e enfraqueceria o Estado de Direito”, disse o advogado Abbe Lowell.

O Federal Reserve optou por não comentar a decisão, enquanto a Casa Branca ainda não se manifestou.

Ofensiva

O presidente já declarou publicamente que pretende construir uma maioria alinhada dentro do banco central, o que levanta dúvidas sobre a independência da instituição diante de pressões políticas.

A ofensiva contra Cook ganhou força após Bill Pulte, aliado de Trump e indicado para comandar a Agência Federal de Financiamento Habitacional, acusá-la de ter declarado duas propriedades como residência principal em 2021.

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A denúncia foi encaminhada ao Departamento de Justiça, que abriu investigação. Cook, no entanto, rejeitou os pedidos de renúncia e acionou a Justiça para impedir sua destituição.

Em sua defesa, os advogados de Cook afirmaram que ela “jamais cometeu fraude hipotecária” e destacaram que todas as informações sobre seus imóveis foram disponibilizadas às autoridades quando foi indicada para o Fed em 2022, ainda no governo Joe Biden.

Documentos apresentados mostram divergências em formulários, mas que, segundo a defesa, não configuram ilegalidade.