Imprensa mundial repercute operação contra Bolsonaro e liga à pressão de Trump

Diversos veículos destacaram não apenas os desdobramentos jurídicos no Brasil, mas também os reflexos diplomáticos e o envolvimento direto do presidente dos Estados Unidos

Paulo Barros

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A nova fase da investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que culminou nesta sexta-feira (18) com buscas em sua residência, imposição de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares, teve ampla repercussão na mídia internacional. Diversos veículos destacaram não apenas os desdobramentos jurídicos no Brasil, mas também os reflexos diplomáticos e o envolvimento direto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A Reuters ressaltou que os mandados de busca e apreensão aumentam a pressão legal sobre Bolsonaro, e destacou que Trump tenta interferir no processo ao ameaçar o Brasil com tarifas de 50% sobre exportações, numa tentativa de “encerrar” o caso no Supremo Tribunal Federal (STF). A agência também mencionou a proibição imposta a Bolsonaro de manter contato com seu filho Eduardo, envolvido em articulações em Washington.

Já a CNN detalhou que Bolsonaro está proibido de falar com autoridades estrangeiras, utilizar redes sociais e sair de casa durante o período noturno. A emissora americana ressaltou que, caso condenado por tentativa de golpe, o ex-presidente poderá enfrentar até 40 anos de prisão. A reportagem também destacou o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a independência do Judiciário brasileiro e criticou Trump por usar ameaças comerciais para influenciar um processo judicial.

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A Associated Press seguiu na mesma linha e citou declarações da Procuradoria-Geral da República sobre a atuação contínua de Bolsonaro, mesmo após as eleições, para incitar a insurreição e desestabilizar a ordem democrática. A agência também enfatizou o uso do termo “witch hunt” (caça às bruxas), comum na retórica de Trump e repetido por Bolsonaro ao se defender nas redes sociais.

A Bloomberg, por sua vez, observou que a operação contra o ex-presidente ocorreu justamente no momento em que Trump intensifica sua pressão sobre o Brasil para derrubar as acusações contra Bolsonaro. A publicação relaciona diretamente a ofensiva política do ex-presidente americano com os desdobramentos da investigação brasileira.

Entenda a operação

A operação desta sexta-feira resultou em medidas rigorosas impostas ao ex-presidente. Jair Bolsonaro foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, está submetido a recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h), está proibido de usar redes sociais, comunicar-se com diplomatas estrangeiros, aproximar-se de embaixadas e manter contato com outros investigados, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro. Durante as buscas, a Polícia Federal apreendeu aproximadamente US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie, um pen drive escondido no banheiro da residência e uma cópia impressa da petição judicial da rede social Rumble contra o ministro Alexandre de Moraes, revelando possíveis articulações paralelas à investigação conduzida pelo STF.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)