IA e os empregos: veja o que CEOs da tecnologia dizem sobre o futuro do trabalho

Governos e empresas do setor devem olhar para o cenário com mais atenção e senso de urgência, segundo gestores

Carla Carvalho

Imagem: Pixabay
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Enquanto otimiza os sistemas de produção, a inteligência artificial acaba gradativamente com empregos nas mais diversas áreas ao redor do mundo. 

No Brasil, espera-se que a tecnologia afete 31,3 milhões de postos de trabalho, dos quais 5,5 milhões correm o risco de total automatização, segundo dados da consultoria LCA 4Intelligence divulgados em junho deste ano. 

Para Jensen Huang, diretor-executivo da Nvidia, a saída para evitar que se acelere ainda mais a perda de empregos é a inovação. “Se o mundo ficar sem ideias, então os ganhos de produtividade se traduzem em perda de empregos”, disse à CNN.

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Defensor da IA, Huang sustenta que os empregos e a produtividade aumentaram nos últimos séculos, “mesmo na era dos computadores”. E acredita que a evolução da tecnologia pode facilitar a realização de uma “abundância de ideias” e “maneiras de se construir um futuro melhor”.

Mas outros grandes líderes do setor se mostram mais pessimistas, como Mo Gawdat, ex-diretor de negócios da Google X, laboratório de inovação da empresa. Para ele, a inteligência artificial provavelmente ocupará todos os espaços do mercado de trabalho, desde os cargos iniciais até os altos escalões executivos.

Há mais de 30 anos na área de tecnologia, Gawdat afirmou no podcast Diário de um CEO ser “100% besteira” imaginar que a IA poderá criar empregos. E não poupou do provável extermínio nem mesmo as funções que dependem de habilidades humanas, como podcasters, editores de vídeos e executivos de empresas. Segundo ele, mesmo quem se destaca em sua área não estará seguro para sempre.

“A inteligência artificial será melhor do que os humanos em tudo, incluindo ser CEO”, disse Gawdat no podcast, prevendo também a substituição de gestores incompetentes em determinado momento.

Governos e empresas de IA devem encarar a realidade

Dario Amodei, CEO e cofundador da Anthropic, disse que os governos e as empresas de IA deveriam parar de “atenuar” o que está por vir, segundo matéria da Forbes. Para o executivo, a eliminação massiva de funções de nível básico e especializado – como áreas de finanças, tecnologia, direito – é algo mais próximo da realidade do que se imagina.

Já Andrea Janér, CEO da Oxygen e pesquisadora de tendências, afirma que não se pode comparar o momento atual com outras revoluções industriais, que levaram várias décadas para acontecer. “Agora, as mudanças se dão em meses”, disse.

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Renda básica universal pode ser a saída 

Em um mundo sem empregos e com máquinas fazendo a maior parte do trabalho remunerado, a renda básica universal surge como alternativa de subsistência. Sam Altman, CEO da OpenAI, empresa que desenvolveu o ChatGPT, foi o principal patrocinador de um estudo sobre o tema. 

Na mesma entrevista à Forbes, Janér afirmou que a sociedade precisa se organizar de outra forma, para dar conta das condições sociais que estão por vir.

“Até hoje, nossa organização foi em torno do trabalho. Acordamos diariamente para trabalhar, porque precisamos do dinheiro para viver. Na visão desses líderes, não será mais assim”, disse a CEO da Oxygen.