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O governo Trump analisa possíveis cenários para o “dia depois” caso Nicolás Maduro seja removido do poder, segundo reportagem do Washington Post. Cinco meses após o início do reforço militar dos Estados Unidos no Caribe, o líder venezuelano segue no poder, mas sente maior pressão e restringe aparições públicas.
O Post relata que documentos internos da administração Trump indicam preocupação sobre a reação das Forças Armadas da Venezuela em um eventual colapso do regime. Esses papéis, obtidos pelo jornal, incluem planos da oposição para um governo de transição e avaliações sobre o grau de lealdade de oficiais militares.
O presidente venezuelano tem reforçado sua segurança, limitado deslocamentos e cancelado compromissos, de acordo com pessoas próximas ao governo citadas pelo Post. Elas afirmam que Maduro teme um ataque dos EUA a instalações estratégicas ou contra sua própria integridade, mas acredita que seu círculo interno permanece coeso.
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A oposição venezuelana discute planos para as primeiras horas e os primeiros 100 dias após uma eventual saída de Maduro, com eleições previstas no prazo de um ano. Esses documentos, segundo o jornal, incluem uma análise do corpo militar que classifica como “irrecuperáveis” apenas 20% dos oficiais.
Apesar disso, interlocutores citados pelo Post afirmam que ainda não está claro qual tipo de acordo poderia convencer Maduro a deixar o poder. Ele e seus aliados avaliam que permanecer no país é menos arriscado do que buscar exílio. O jornal lembra que a trajetória de líderes latino-americanos que deixaram seus países sob pressão costuma envolver riscos de segurança.
A reportagem aponta também que Cuba e Rússia ampliaram seu apoio a Maduro. Analistas ouvidos pelo Post avaliam que esses aliados podem dificultar qualquer negociação, já que Havana depende do petróleo venezuelano e teria muito a perder com uma eventual mudança de governo.
Trump e Maduro tiveram uma conversa telefônica no mês passado, e três pessoas com contato com o governo venezuelano disseram ao Post que o diálogo foi cordial e que Trump expressou desejo de ver Maduro deixar o cargo, mas sem ultimatos. Ambos teriam concordado em manter canais abertos.
Enquanto isso, intermediários tentam estimular alguma forma de negociação. Um deles foi o empresário Joesley Batista, que se reuniu com Maduro em Caracas em 23 de novembro para sondar possibilidades de diálogo com Washington, segundo informações do Financial Times.