Governo Milei pede investigação de jornalistas que publicaram áudios contra Karina

Apesar disso, a ministra de Segurança Nacional tentou negar durante uma entrevista para uma TV argentina que havia feito a solicitação e foi desmentida ao vivo

Estadão Conteúdo

O presidente da Argentina, Javier Milei, em um veículo com a secretária-geral da Presidência da Argentina, Karina Milei, enquanto participam de um comício do partido La Libertad Avanza, antes das eleições legislativas na província de Buenos Aires, em Lomas de Zamora, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 27 de agosto de 2025. REUTERS/Agustin Marcarian
O presidente da Argentina, Javier Milei, em um veículo com a secretária-geral da Presidência da Argentina, Karina Milei, enquanto participam de um comício do partido La Libertad Avanza, antes das eleições legislativas na província de Buenos Aires, em Lomas de Zamora, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 27 de agosto de 2025. REUTERS/Agustin Marcarian

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A ministra de Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich solicitou à Justiça que os jornalistas responsáveis pela divulgação dos áudios que envolvem Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei e secretária-geral da Presidência, sejam investigados pela polícia. A solicitação estava incluída na cópia do documento apresentado pela própria ministra à imprensa argentina na noite desta segunda-feira, 1.º.

Apesar disso, Bullrich tentou negar durante uma entrevista para uma TV argentina que havia feito a solicitação e foi desmentida ao vivo. “Não pedimos nada. Não, não, não”, disse ao jornalista Pablo Rossi quando ele a questionou sobre. “Vou deixar a denúncia aqui, aqui está”, acrescentou, entregando ao entrevistador uma pasta contendo uma cópia do documento do Ministério.

No mesmo momento, Rossi responde que leu a denúncia e pede para um dos jornalistas do seu programa ler o que a denúncia diz. “O governo solicita na página 18: ‘Ordene busca e apreensão nos escritórios e estúdios da Carnaval Stream. Ordene buscas nas casas de Franco Bindi, Jorge Rial, Pablo Toviggino, Mauro Federico e quaisquer outras partes envolvidas.'”

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Após a leitura do trecho, Rossi refaz a pergunta e Bullrich volta a negar a solicitação. “Não. Estamos solicitando a produção de provas. A Justiça pode decidir o que quiser”, disse.

De acordo com a imprensa argentina, Bullrich continuou tentando atingir a credibilidade dos jornalistas Jorge Rial e Mauro Federico, que divulgaram os áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), que acusam Karina Milei de fazer parte de um esquema de propina junto à indústria farmacêutica. O governo argentino afirma que os áudios são uma farsa para afetar as eleições de Buenos Aires.

A ação do governo argentino na Justiça também solicitou que a divulgação de áudios de Karina Milei, gravados na Casa Rosada, fosse proibida. A Justiça atendeu o pedido com a justificativa de que os novos áudios poderiam afetar a “privacidade e a honra” de Karina Milei e a “segurança institucional” do país.

Os áudios de Spagnuolo geraram uma denúncia judicial que resultou em mais de 20 mandados de busca e apreensão. Spagnuolo, ex-aliado e advogado pessoal de Milei, foi demitido do governo após o episódio. Nas gravações, o funcionário reclamava que não conseguia desmontar uma rede de propina montada em seu gabinete para a compra de medicamentos pelo Estado. Spagnuolo disse ao confidente que o dinheiro arrecadado seria destinado a Karina Milei e seu principal assessor, Eduardo ‘Lule’ Menem.

O governo argentino alega que as gravações fazem parte de uma “operação ilegal de inteligência” com o objetivo de desestabilizar a Argentina. Segundo Bullrich, a farsa foi montada por jornalistas e “pessoas ligadas aos serviços de inteligência russos com influência na Venezuela”.

Karina Milei não se manifestou publicamente sobre o tema. Javier Milei rejeitou as acusações. “Tudo o que ele [Spagnuolo] diz é mentira, vamos levar à Justiça e provar que ele mentiu”, declarou no dia 27, durante o ato de campanha em que manifestantes jogaram pedras contra sua comitiva.