Governo da Síria anuncia fim de operação após milhares de mortos

A ONU classificou os episódios como “extremamente perturbadores” e cobrou investigações “rápidas, transparentes e imparciais”

Paulo Barros

Um membro das forças de segurança sírias verifica a identidade de uma pessoa, depois que centenas foram mortas em alguns dos episódios de violência mais mortais em 13 anos de guerra civil, colocando os partidários do presidente deposto Bashar al-Assad contra os novos governantes islâmicos do país em Latakia, Síria, em 9 de março de 2025. REUTERS/Karam al-Masri/Foto de arquivo
Um membro das forças de segurança sírias verifica a identidade de uma pessoa, depois que centenas foram mortas em alguns dos episódios de violência mais mortais em 13 anos de guerra civil, colocando os partidários do presidente deposto Bashar al-Assad contra os novos governantes islâmicos do país em Latakia, Síria, em 9 de março de 2025. REUTERS/Karam al-Masri/Foto de arquivo

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O governo interino da Síria anunciou neste sábado (9) o fim da ofensiva militar nas regiões costeiras do país, após semanas de intensos combates que deixaram milhares de mortos. A operação, conduzida nas províncias de Latakia e Tartous, teve como alvo remanescentes das forças leais ao regime de Bashar al-Assad, deposto em dezembro do ano passado após décadas no poder e uma guerra civil que durou quase 14 anos.

A violência na região gerou forte repercussão internacional. O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, declarou estar “profundamente alarmado” com os relatos de mortes de civis e pediu que todas as partes evitem ações que possam desestabilizar ainda mais o país. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, classificou os episódios como “extremamente perturbadores” e cobrou investigações “rápidas, transparentes e imparciais” sobre possíveis violações cometidas durante a ofensiva.

O Irã, antigo aliado do regime Assad, também manifestou preocupação. Mojtaba Amani, embaixador iraniano no Líbano, afirmou que os ataques contra comunidades alauítas em Latakia e Tartous foram “sistemáticos” e “extremamente perigosos”. Ele também criticou a incapacidade do governo interino sírio de conter a crise. “Era esperado que, após a queda de Assad, a Síria passasse por uma transição difícil, mas a escala da violência agora em curso é sem precedentes e profundamente preocupante”, disse Amani.

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O colapso do regime de Assad deixou um vácuo de poder na Síria, aprofundando a instabilidade e elevando as tensões entre grupos étnicos e facções políticas. Com a suspensão da operação militar, cresce a pressão internacional para que o governo interino avance em negociações que garantam uma transição política mais estável.

(Com informações da BBC)

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)