George Santos deputado de origem brasileira, desiste de tentar reeleição nos EUA

Anúncio ocorre no mesmo dia em que comitê de ética da Câmara aponta irregularidades em sua campanha; ele enfrenta 23 acusações federais

Roberto de Lira

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George Santos, o deputado republicano de origem brasileira na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (16) que não vai se candidatar à reeleição no ano que vem. O comunicado foi feito no mesmo dia em que foi divulgado o relatório do comitê de ética bipartidário da Casa, que apura irregularidades em sua campanha. Santos enfrenta atualmente 23 acusações de crimes federais, a maior parte de fraude na utilização de fundos de doações.

Segundo site The Hill, o comitê não sugeriu nenhum tipo de punição formal ao deputado, mas encaminhou suas conclusões sobre “potenciais violações da lei penal federal” ao Departamento de Justiça dos EUA.

Segundo a imprensa que cobre o Congresso americano, aumentou a possibilidade de a Câmara expulsar Santos, medida que tem sido comentada desde que ele admitiu publicamente ter forjado detalhes sobre sua história e currículo durante a última campanha.

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O relatório entregue hoje diz que George Santos “não é confiável” e que “em quase todas as oportunidades, ele colocou seu desejo de ganho privado acima de seu dever de defender a Constituição, a lei federal e os princípios éticos.”

Sobre o uso para benefício pessoa dos recursos das doações de campanha, o relatório citou, por exemplo, o pagamento de viagens para Atlantic City e Las Vegas (ele concorrer por um distrito de Nova York), e em procedimentos cosméticos, como aplicação de botox.

O comitê citou ainda uma compra no valor de US$ 4.127,80 na marca de luxo Hermes, pagamentos de cartões de crédito e de dívidas pessoais, além de pequenas compras no Only Fans, plataforma de assinatura usada principalmente para conteúdo adulto.

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“Relatório tendencioso”

Tão logo o relatório foi apresentado, Santos foi à rede social X (antigo Twitter) para anunciar que estava desistindo de buscar um segundo mandato em 2024. “Continuarei na minha missão de servir os meus eleitores até que me seja permitido. No entanto, não buscarei a reeleição para um segundo mandato em 2024, pois minha família merece coisa melhor do que estar sob a mira da imprensa o tempo todo”, declarou.

O deputado de origem brasileira também disse estar se sentindo humilhado. “Lembro que sou humano e tenho falhas, mas não ficarei parado enquanto sou apedrejado por aqueles que também têm falhas.”

Segundo o republicano, “se houvesse um mínimo de ética” no Comitê de Ética, “eles não teriam divulgado este relatório tendencioso. O Comitê fez de tudo para difamar a mim e à minha equipe jurídica por eu estar acessível – meus projetos de lei sugerem o contrário”, afirmou. Ele classificou o documento ainda como “uma difamação politizada e repugnante que mostra até que ponto o nosso governo federal desceu. Todos os que participaram neste grave erro judiciário deveriam ter vergonha de si mesmos.”

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Ele informou anda não vai mais falar com a imprensa sobre o caso. “Basta! Todos vocês pegaram seu pedaço de carne e eu não permitirei mais isso. Vou dedicar meu tempo livre à minha família, que negligenciei durante esse processo. Desejo a todos vocês tudo de bom, mas terminei! A porta de comunicação está fechada e selada”, afirmou.

Embora alguns deputados tenha afirmado nesta quinta-feira que um processo de expulsão pode ser iniciado, não é uma tarefa fácil, especialmente porque a maioria republicana na Câmara é muito estreita.

No início de novembro, Santos sobreviveu a uma votação nesse sentido porque não foi atingido um quórum de dois terços dos deputados. Ele recebeu, inclusive, 31 votos favoráveis de deputados democratas, que alegaram não existir condenação de nenhuma das acusações, além de o comitê de ética ainda não ter concluído sua investigação até aquela data.

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Até hoje, a Câmara americana só expulsou cinco representantes, sendo três traidores confederados e os outros dois com condenações criminais federais. O último foi o democrata James A. Traficant, de Ohio, em 2002, após sua condenação por conspiração para cometer suborno, obstrução da justiça e extorsão.