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Tblisi (Reuters) – Parlamentares da Geórgia elegeram Mikheil Kavelashvili, um duro crítico do Ocidente, como o novo presidente do país neste sábado (14), posicionando-o para substituir a incumbente pró-Ocidente em meio a grandes protestos contra o governo pela paralisação das negociações de adesão à União Europeia no mês passado.
A decisão do partido governista Sonho Georgiano de congelar o processo de acesso à UE até 2028, interrompendo abruptamente um objetivo nacional de longa data incluído na constituição do país, provocou uma reação generalizada de raiva na Geórgia, onde, segundo as pesquisas de opinião, a adesão à UE é esmagadoramente popular.
Kavelashvili, ex-jogador profissional de futebol, tem opiniões contundentes antiocidente, muitas vezes conspiratórias. Em discursos públicos neste ano, repetiu alegações de que agências de inteligência ocidentais estão tentando empurrar a Geórgia a uma guerra com a Rússia, que governou o país por 200 anos até 1991.

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Cartão vermelho
Centenas de manifestantes se reuniram debaixo de uma leve nevasca no lado de fora do parlamento antes da votação presidencial. Alguns jogaram futebol nas ruas e mostraram cartões vermelhos para o prédio do parlamento, uma referência zombeteira à carreira esportiva de Kavelashvili.
O manifestante Vezi Kokhodze disse que a votação foi uma “traição” contra o, segundo ele, desejo dos georgianos de se integrarem ao Ocidente. “A eleição de hoje representa o desejo claro do sistema de devolver a Geórgia às suas raízes soviéticas”, afirmou.
Os presidentes da Geórgia são escolhidos por um colégio composto por parlamentares e representantes de governos locais. Dos 225 eleitores presentes, 224 votaram por Kavelashvili, o único candidato que havia sido indicado.
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Todos os partidos de oposição boicotam o parlamento desde uma eleição em outubro, na qual os resultados oficiais deram ao Sonho Georgiano quase 54% dos votos, mas que, segundo a oposição, foi fraudulenta.
Kavelashvili foi nomeado para a Presidência, um cargo majoritariamente cerimonial, no mês passado por Bidzina Ivanishvili, um ex-primeiro-ministro bilionário que é considerado amplamente como o principal líder do país e que se mexeu para aprofundar laços com a vizinha Rússia, que, de acordo com as pesquisas, muitos georgianos não gostam.
Kavelashvili é um líder do Poder Popular, um grupo dissidente antiocidental do partido governista, e foi o coautor de uma lei sobre “agentes estrangeiros”, que exige que as organizações que recebem mais de 20% do seu financiamento do exterior sejam registradas como agentes de influência estrangeira e impõe multas pesadas por violações.
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A presidente Salome Zourabichvili, uma crítica do partido governista Sonho Georgiano e pró-União Europeia, se posicionou como a líder do movimento de protestos e disse que permanecerá como presidente após o fim do seu mandato. Ela considera o parlamento ilegítimo, um resultado da suposta fraude das eleições de outubro.
Em uma publicação no X antes da votação, Zourabichvili disse que a eleição do seu sucessor representava uma “zombaria da democracia”.
Partidos de oposição disseram que continuarão considerando Zourabichvili a presidente legítima, mesmo depois da posse de Kavelashvili em 29 de dezembro.
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Em um briefing após a votação, o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze parabenizou Kavelashvili e se referiu à presidente que está deixando o cargo como uma “agente” de potências estrangeiras não especificadas.