Escolhido para o Fed? Waller teve “ótima entrevista” com Trump, diz emissora

Segundo a CNBC, o membro do banco central americano discutiu mercado de trabalho com o presidente

Paulo Barros

Diretor do Fed Christopher Waller durante conferência, em Nova York, nos EUA
12/11/2024
REUTERS/Brendan McDermid
Diretor do Fed Christopher Waller durante conferência, em Nova York, nos EUA 12/11/2024 REUTERS/Brendan McDermid

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O membro do Federal Reserve Christopher Waller teve uma entrevista considerada “ótima” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o cargo de presidente do banco central, a emissora CNBC, citando autoridades do alto escalão da administração americana.

A conversa ocorreu na residência do presidente e terminou pouco antes de Trump fazer um pronunciamento à nação sobre a economia, na noite de quarta-feira (17). Teriam participado do encontro o secretário do Tesouro, Scott Bessent, a chefe de gabinete, Susie Wiles, e o vice-chefe de gabinete, Dan Scavino.

De acordo com a reportagem, Waller e Trump discutiram de forma aprofundada o mercado de trabalho e caminhos para estimular a criação de empregos. O governo teria afirmado que são infundadas as críticas de que o presidente buscaria um candidato disposto a ceder às suas vontades em relação aos juros. Segundo assessores ouvidos pela publicação, o interesse de Trump nas entrevistas tem sido amplo, abrangendo diferentes temas econômicos.

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Apesar do tom positivo atribuído à entrevista, não há indicação de que Waller seja o favorito para o cargo. Segundo a CNBC, o processo segue de forma “altamente organizada” e Trump ainda não tomou uma decisão.

Antes de se reunir com Trump, Waller disse em entrevista à CNBC, durante um evento do Yale CEO Summit em Nova York, que acredita que os juros podem cair entre 50 e 100 pontos-base abaixo do nível atual, diante da expectativa de desaceleração da inflação e de sua preocupação com um mercado de trabalho mais fraco.

Waller foi um dos dissidentes na reunião de julho, quando o Fed manteve os juros inalterados. Posteriormente, o banco central iniciou um ciclo de cortes que totalizou 75 pontos-base a partir do encontro seguinte, em setembro.

Corrida pelo comando do Fed

Outros nomes continuam no páreo. Ainda de acordo com a publicação, Rick Rieder, da BlackRock, será entrevistado em Mar-a-Lago na última semana do ano. Já a governadora do Fed Michelle Bowman teria deixado de ser considerada candidata. O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, e o ex-diretor do Fed Kevin Warsh já passaram por entrevistas.

Na semana passada, Trump afirmou ao The Wall Street Journal que acredita que o presidente do Fed deveria consultá-lo sobre a política de juros. “Não significa que eu ache que ele deva fazer exatamente o que dizemos. Mas certamente sou uma voz inteligente e devo ser ouvido”, disse o presidente ao jornal.

Questionado por repórteres no Salão Oval, Trump elogiou Waller. “Acho que ele é ótimo. É alguém que está lá há muito tempo, alguém com quem estive muito envolvido”, afirmou. Trump entrevistou Waller em 2019 e foi responsável por sua nomeação ao cargo de governador do Fed.

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Em discurso na quarta-feira, o presidente disse que anunciará em breve o próximo presidente do Federal Reserve. “Alguém que acredita em juros muito mais baixos, e os pagamentos de hipotecas vão cair ainda mais”, afirmou.

Sucessão no Fed será central em 2026

O processo de sucessão no comando do Fed tem sido acompanhado de perto por investidores e gestores globais. Em participação no Onde Investir 2026, do InfoMoney, Artur Wichmann, CIO da XP, afirmou que “a sucessão do Jerome Powell é um evento central para 2026” e que “quem for escolhido pelo Trump vai definir muito do comportamento dos mercados globais” .

Na mesma linha, Caio Megale, economista-chefe da XP, disse esperar que “a principal manchete para a economia” esteja ligada à escolha do próximo presidente do Fed, alertando que uma eventual politização da autoridade monetária americana “pode gerar um problema grande, não só para os Estados Unidos, mas para o mundo inteiro” .

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Dados recentes reforçam a atenção ao emprego. O relatório de novembro mostrou alta da taxa de desemprego para 4,6%, ante 4,4% em setembro, além de desaceleração na criação de vagas. No discurso de quarta-feira, Trump afirmou que há mais pessoas trabalhando hoje do que em qualquer outro momento da história do país e que todos os empregos criados desde o início de seu mandato foram no setor privado.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)