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Um novo documentário do diretor ganhador do Oscar Martin Scorsese apresentará uma conversa com o falecido papa Francisco sobre o esforço apoiado pelo pontífice para oferecer educação por meio do cinema, disseram os produtores do filme nesta quarta-feira.
Chamado “Aldeas – A New Story”, o documentário está “enraizado na crença do papa na sagrada natureza da criatividade”, disse um comunicado dos cineastas.
Segundo eles, a conversa inédita com Scorsese foi a “última entrevista aprofundada do papa para o cinema”.
Francisco morreu neste mês aos 88 anos e foi enterrado no sábado.
O documentário vai mostrar o trabalho da Scholas Occurrentes, movimento educacional fundado pelo papa Francisco, e Aldeas, projeto que apoia a produção de curtas-metragens para promover a compreensão cultural.
Antes de morrer, Francisco chamou o documentário de “um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos… a essência da jornada de uma vida”, disseram os cineastas.
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Não foi anunciada uma data de lançamento. Aldeas – A New Story foi produzido por Scorsese junto com Teresa Leveratto, Ezequiel del Corral e Alfonso Gomez-Rejon.
Já a produção executiva foi feita por Lisa Frechette, Romilda de Luca, Ariel Tcach e Ariel Broitman. Foi dirigido por Clare Tavernor e Johnny Shipley, e produzido por Amy Foster da Massive Owl Productions. Os cinegrafistas Ellen Kuras e Salvatore Totino também deram contribuição para o filme.
O biógrafo do papa, Fabio Marchese Ragona, que trabalhou com Francisco na autobiografia Vida: minha história através da História (Ed. Harper Collins), que também deve se tornar um filme, afirmou em entrevista ao jornal francês Le Monde que classificaria o pontificado de Francisco como “revolucionário”, centrado “no que eu chamaria de uma revolução de ternura. A Igreja de Francisco, segundo Ragona, não julga e não olha os fiéis de cima para baixo.
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“Eu também destacaria a proximidade de Francisco com o público e sua forma de se comunicar – franca direta, acessível a todos”, afirmou Ragona. “Muitos diziam que era apenas marketing, mas quem o conhecia pessoalmente pode testemunhar que ele, de fato, é assim. E tudo isso com uma certa ironia: comigo, ele nunca encerrava um encontro ou um telefonema sem uma piada. Toda manhã ele rezava para São Thomas More (1478-1535) pelo dom do bom humor.”
Segundo Ragona, Francisco conseguiu fazer o que a congregação havia pedido para o futuro papa antes do conclave de 2013, uma reforma estrutural da cúria romana, uma reorganização dos escritórios, incluindo uma reforma econômica e uma simplificação das regras e procedimentos administrativos.
“Nesses e em outros fronts, como o da luta contra a pedofilia, o caminho está longe do fim”, disse o biógrafo. “Mas, na minha opinião, ele foi um grande papa porque conseguiu mudar as coisas pelo menos um pouco. Mesmo ciente de que estava fazendo inimigos, ele sempre seguiu em frente.”
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(com Reuters)