Em encontro com Trump, Bukele diz que não devolverá imigrante deportado por engano

"É claro que não", disse presidente de El Salvador sobre o caso. País abriga centenas de venezuelanos enviados pelos EUA em megaprisão

Paulo Barros

O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 14 de abril de 2025. REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 14 de abril de 2025. REUTERS/Kevin Lamarque

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O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, afirmou nesta segunda-feira (14) que não pretende devolver aos Estados Unidos Kilmar Abrego García, imigrante deportado por engano pelo governo norte-americano. “Como posso devolver ele para os Estados Unidos? Eu o contrabandeio de volta? Claro que não vou fazer isso”, disse Bukele durante encontro com o presidente Donald Trump no Salão Oval.

A declaração foi feita um dia após o Departamento de Justiça dos EUA informar a um juiz federal que não se considera obrigado a trazer Abrego García de volta. O salvadorenho vivia em Maryland, era casado com uma cidadã americana e foi deportado indevidamente durante ações de imigração.

Desde que firmou um acordo com o governo Trump, Bukele aceitou mais de 200 venezuelanos deportados dos EUA nos últimos meses. Eles foram enviados ao CECOT, megaprisão conhecida por suas condições rigorosas em El Salvador.

Trump agradeceu publicamente o apoio do presidente salvadorenho às políticas de deportação em massa. “Você está nos ajudando, e agradecemos por isso”, afirmou durante o encontro na Casa Branca.

Bukele reforçou o alinhamento com a política migratória de Trump. “Para libertar 350 milhões de pessoas, você tem que aprisionar alguns. Tem que aprisioná-los para libertar 350 milhões de americanos que pedem o fim do crime e do terrorismo”, declarou.

O caso de Abrego García, no entanto, abre caminho para um possível impasse constitucional, já que o governo dos EUA desconsiderou ordens judiciais para corrigir o erro de deportação.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas