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O presidente Donald Trump adiou a implementação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras por sete dias, ao mesmo tempo em que isentou muitos produtos da pesada taxa, fazendo com que a moeda do país e as ações de alguns grandes exportadores se valorizassem.
A ordem executiva assinada na quarta-feira afirmou que as tarifas são uma resposta às políticas e ações implementadas pelo governo brasileiro que constituem uma ameaça à segurança nacional dos EUA. Diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado por sua suposta participação na tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi vítima de “perseguição politicamente motivada”.
A decisão de Trump veio com uma longa lista de exceções, incluindo suco de laranja e aeronaves civis e peças que beneficiam a Embraer SA. A fabricante brasileira de aviões tem trabalhado para explicar o impacto que as tarifas teriam em suas operações nos EUA, onde emprega mais de 2.000 pessoas.
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O real brasileiro recuperou perdas de quase 1% e subiu até 0,6% em relação ao dólar, superando a maioria dos pares emergentes após as isenções serem divulgadas.
As ações dos exportadores brasileiros subiram à medida que o mercado avaliava as isenções tarifárias. A Embraer, vista como a mais afetada pela decisão de Trump, subiu até 11,5% em São Paulo, enquanto Weg SA e Suzano SA, que haviam caído com as notícias anteriores, subiram mais de 1,7% cada.
“O mercado já estava precificando a tarifa de 50%, então as isenções são uma surpresa, o que na verdade dilui o impacto das tarifas”, disse Marco Oviedo, estrategista sênior da XP Investimentos. “No futuro, dependerá da resposta do governo brasileiro.”
A lista de isenções, no entanto, não se estendeu a outros grandes produtos brasileiros, apontando para riscos contínuos para o gigante agrícola.
“A comida continua sendo um problema sério, pois café, carne, mangas e todas as frutas terão tarifas”, disse Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior do Brasil.
Trump havia inicialmente ameaçado implementar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros em 1º de agosto, caso o Supremo Tribunal Federal não suspendesse imediatamente o julgamento contra Bolsonaro, que ele descreveu como uma “caça às bruxas”.
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Pouco antes de emitir a ordem executiva atualizada na quarta-feira, os EUA sancionaram o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que está supervisionando os casos legais de Bolsonaro, sob a Designação Global Magnitsky. Anteriormente, haviam revogado seu visto no início deste mês.
Apesar da pressão crescente dos EUA, o Supremo Tribunal Federal do Brasil se recusou a recuar. Duas semanas atrás, Moraes ordenou que Bolsonaro usasse uma tornozeleira eletrônica e impôs restrições adicionais ao uso das redes sociais, citando obstrução da justiça e risco de fuga como motivação.
Lula também aproveitou a disputa com Trump, retratando o presidente dos EUA como uma ameaça à soberania brasileira. O líder de esquerda afirmou que está aberto a negociações, mas não aceitará incursões nos assuntos do seu país.
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Após saber da nova ordem de Trump, Lula ligou para o vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera os esforços para negociar um acordo com os EUA, e para outros oficiais para reuniões emergenciais, segundo duas pessoas familiarizadas com a situação.
Desde a semana passada, o governo Lula tem trabalhado em um plano de contingência para mitigar o impacto potencial das tarifas. Com Embraer e suco de laranja excluídos, vê a situação como menos ameaçadora porque menos setores-chave precisarão de apoio, segundo um terceiro oficial, que, como os outros, pediu anonimato para discutir assuntos internos.
Mas o governo permanece cauteloso, vendo a combinação da ordem tarifária e das sanções contra Moraes como parte de uma campanha de pressão mais ampla que ainda pode aumentar à medida que o julgamento de Bolsonaro avança, disse uma das pessoas.
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