Cuba enfrenta grande apagão de energia desde quarta-feira, o segundo no ano

As usinas movidas a petróleo de Cuba, já obsoletas, chegaram a uma crise total no ano passado, quando as importações de petróleo da Venezuela, Rússia e México diminuíram

Roberto de Lira

Um homem usa a luz do seu celular para iluminar sua cozinha durante apagão em Cuba - 10/09/2025 (Foto: REUTERS/Norlys Perez)
Um homem usa a luz do seu celular para iluminar sua cozinha durante apagão em Cuba - 10/09/2025 (Foto: REUTERS/Norlys Perez)

Publicidade

Desde a quarta-feira, a população de Cuba, especialmente da capital Havana, tem enfrentado os efeitos do segundo grande apagão de energia elétrica neste ano. Embora as autoridades estejam tentando comunicar um lento retorno à normalidade, órgãos independentes de mídia relataram que os retornos são esporádicos e acontecem apenas durante o dia — nos horários de pico de consumo, a energia volta a cair.

Segundo informações oficiais, a interrupção de energia na ilha de 10 milhões de habitantes começou pouco depois das 9h (horário local) de quarta-feira e estava ligada a um mau funcionamento em uma das maiores usinas termelétricas de Cuba, segundo o Ministério de Energia e Minas.

Segundo informações do site do Ministério, o serviço de fornecimento de energia foi afetado durante todas as 24 horas da quinta-feira e que esses efeitos perduraram durante toda a madrugada de hoje. A projeção é que exista para o horário de pico de consumo uma disponibilidade de 1910 MW, mas com uma demanda de 3350 MW — o que geraria um déficit de 1440 MW.

Continua depois da publicidade

Os efeitos do novo apagão são sentidos em quase todos os aspectos da vida dos cubanos, segundo site 14ymedio.com. Muitas crianças estão há 3 dias sem frequentar as escolas, policlínicas reduziram os atendimentos e muitos idosos que moram em andares mais altos nos edifícios têm evitado sair de casa para não enfrentarem as escadas.

Também há falta d´agua em várias localidade pela falta de energia ou combustível para acionar as bombas.

Em Havana, na quarta-feira, os semáforos estavam desligados enquanto as pessoas corriam para comprar mantimentos e produtos básicos antes de escurecer. 

A crise de fornecimento de energia de Cuba piorou nos últimos anos por causa das sanções dos EUA, que impedem o país de manter moeda estrangeira suficiente para atualizar ou reparar usinas que envelhecem rápido e que estão em uso há mais de três décadas.

A emissora de TV Al Jazeera lembrou em reportagem que o governo tentou plano alternativo, alugando navios flutuantes turcos e instalando parques solares financiados pela China. Enquanto isso, algumas famílias mais ricas conseguiram instalar dispositivos recarregáveis e painéis solares em suas casas.

A Reuters lembrou que, mesmo antes do colapso de quarta-feira, a grande maioria dos residentes na ilha estava enfrentando apagões diários de 16 horas ou mais. As usinas movidas a petróleo de Cuba, já obsoletas e lutando para manter as luzes acesas, chegaram a uma crise total no ano passado, quando as importações de petróleo da Venezuela, Rússia e México diminuíram.