Cirurgiões usam biotecnologia e realizam 1º transplante de rim de porco em humano

Cirurgia aconteceu nos EUA e usou técnica desenvolvida pela startup eGenesis, que conseguiu inativar vírus de porcos que poderiam infectar humanos; procedimento pode ser solução para a escassez mundial de órgãos

Reuters

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(Reuters) – Um homem de 62 anos com doença renal em estágio terminal tornou-se o primeiro ser humano a receber um novo rim de um porco geneticamente modificado, anunciaram médicos do Massachusetts General Hospital, em Boston, nesta quinta-feira (21). O procedimento foi possível pela participação da eGenesis, startup americana de biotecnologia.

O rim foi fornecido pela eGenesis, de Cambridge, Massachusetts, a partir de um porco que havia sido geneticamente modificado para remover genes que poderiam ser prejudiciais a um receptor humano e adicionar certos genes humanos para melhorar a compatibilidade.

Além disso, a empresa desenvolveu nos últimos anos uma técnica para inativar determinados vírus inerentes aos porcos ,que têm o potencial de infectar seres humanos.

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Os rins de porcos criados pela eGenesis e modificados de forma semelhante foram transplantados com sucesso em macacos que foram mantidos vivos por uma média de 176 dias e, em um caso, por mais de dois anos, informaram os pesquisadores em outubro na revista Nature.

A cirurgia com o paciente humano, que durou quatro horas, foi realizada em 16 de março e “representa um marco importante na busca de fornecer órgãos mais prontamente disponíveis aos pacientes”, disse o hospital em um comunicado. O paciente, Richard Slayman, de Weymouth, Massachusetts, está se recuperando bem e deve receber alta em breve, informou o hospital.

Slayman havia recebido um transplante de rim humano no mesmo hospital em 2018, após sete anos de diálise, mas o órgão falhou após cinco anos e ele retomou os tratamentos convencionais.

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Xenotransplante

Os medicamentos usados para ajudar a evitar a rejeição do órgão do porco pelo sistema imunológico do paciente incluíram uma terapia experimental com anticorpos chamada tegoprubart, desenvolvida por outra empresa, a Eledon Pharmaceuticals.

O procedimento do rim de porco aproxima o campo do xenotransplante — o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra — de se tornar uma possível solução para a escassez mundial de órgãos.

De acordo com a Rede Unida para Compartilhamento de Órgãos, mais de 100.000 pessoas nos EUA aguardam um órgão para transplante, sendo que os rins são os mais procurados.