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Cheques extras. Novos feriados. Um retorno à lua.
Em menos de 24 horas, o presidente Donald Trump anunciou uma série de medidas com apelo popular — prometendo ainda mais novidades — enquanto enfrenta queda na popularidade e incertezas na economia.
Trump autorizou o envio de cheques de US$ 1.776 para soldados da ativa e declarou os dias antes e depois do Natal como feriados federais em 2025, uma surpresa que pegou muitos americanos justamente quando estão encerrando o trabalho e a escola para passar tempo com a família.
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Nesta quinta-feira (18), Trump também deu uma força para seus aliados nas indústrias da maconha e do setor espacial, assinando ordens executivas muito esperadas que têm apelo popular: flexibilizar as regras para o uso da cannabis e mandar astronautas de volta à lua.
O presidente ainda ganhou um presente para ele mesmo. O conselho do John F. Kennedy Center for the Performing Arts — formado por aliados escolhidos por Trump — aprovou na quinta-feira renomear o centro cultural de Washington com o nome do presidente, agora chamado Trump-Kennedy Center.
Essas tentativas de animar pelo menos alguns grupos vêm depois de uma série de notícias ruins para Trump: queda nas pesquisas, relatório fraco de empregos e preocupação crescente entre os republicanos de que podem sofrer uma derrota nas eleições de meio de mandato em 2026. O cenário econômico negativo e o descontentamento dentro do partido aumentam a pressão para que Trump use seu poder executivo para mudar a narrativa.
“Os republicanos sabem que vão enfrentar dificuldades com a questão do custo de vida e as eleições de meio de mandato,” disse Annalyse Keller, estrategista do partido, à Bloomberg na quinta-feira.
Além das pressões econômicas, outras notícias desagradáveis surgiram esta semana. Houve um perfil polêmico do chefe de gabinete de Trump e críticas aos seus comentários sobre a morte do diretor Rob Reiner. Esta sexta-feira é o prazo para o Departamento de Justiça liberar uma grande quantidade de documentos ligados ao financista Jeffrey Epstein, uma medida que Trump resistiu por meses, mas acabou cedendo diante da pressão pública.
Centenas de milhares de arquivos serão divulgados na sexta-feira, e mais devem sair nas próximas semanas, segundo o vice-procurador-geral Todd Blanche.
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Pendências
Os esforços de Trump para focar na economia doméstica vêm depois de semanas dominadas por assuntos internacionais: aumento militar no Caribe com a tensão crescente com a Venezuela, uma viagem importante à Ásia para tratar de comércio com líderes estrangeiros e a guerra ainda sem solução na Ucrânia.
Trump assumiu a presidência há menos de um ano prometendo cortar drasticamente os preços de energia e alimentos e acabar com conflitos no exterior. Mas cumprir essas promessas tem sido difícil, e os eleitores estão percebendo isso. Sua aprovação caiu para 39%, segundo pesquisa da Ipsos desta semana, mostrando perda de apoio entre os republicanos.
Na quarta-feira, Trump fez um discurso quase formal de quase 20 minutos em horário nobre — diferente das suas aparições diárias no Salão Oval, onde costuma falar de forma mais espontânea e longa.
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O discurso focou principalmente em temas econômicos que seus conselheiros querem que ele destaque. O presidente garantiu que a inflação “parou”. (O índice de preços ao consumidor subiu 2,6% em novembro, uma taxa que economistas dizem ser subestimada.)
Trump também previu que os preços da “eletricidade e de tudo mais vão cair bastante.” Isso significa que ele terá que reverter a alta nas tarifas de energia, que subiram mais de 10% nos primeiros oito meses de 2025, um dos maiores aumentos em mais de uma década.
Ele também prometeu apresentar em breve um plano para reformar o setor habitacional e resolver a crise de falta de moradia acessível.
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Na sexta-feira, Trump deve anunciar um novo acordo para que fabricantes vendam remédios com desconto por meio de um site do governo que será lançado no ano que vem.
Moradia, preços de energia e custo de vida devem ser os temas centrais das eleições de meio de mandato em 2026. Trump, mesmo não concorrendo, tem interesse no resultado. Se os republicanos perderem o controle de uma ou das duas casas do Congresso, os democratas terão mais poder para investigar a Casa Branca — e talvez até abrir um processo de impeachment contra ele pela terceira vez.
Trump já cogitou planos ainda maiores do que os anunciados esta semana para enfrentar a crise econômica. Ele falou em um cheque de R$ 2.000 para todos os americanos, financiado por tarifas, acabar para sempre com o imposto de renda e reduzir os juros a zero.
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Mas ele não pode implementar essas ideias sozinho. O Congresso controla a maior parte da política fiscal, e o Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve decide sobre as taxas de juros.
Além disso, alguns dos planos de Trump aumentariam o déficit público ou exigiriam medidas difíceis para aumentar a arrecadação, enquanto outros foram descartados pelos parlamentares como pouco sérios.
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