Chega tem ascensão meteórica em seis anos e vira 2ª força em Portugal, ao lado do PS

Eleições em Portugal têm empate histórico do partido de extrema-direita com o Partido Socialista, que passam a dividir forças com 58 assentos cada no parlamento; AD irá governar com 89

Paulo Barros

André Ventura, líder do partido político de extrema direita Chega, vota numa assembleia de voto durante as eleições gerais em Lisboa, Portugal, 18 de maio de 2025. REUTERS/Rodrigo Antunes
André Ventura, líder do partido político de extrema direita Chega, vota numa assembleia de voto durante as eleições gerais em Lisboa, Portugal, 18 de maio de 2025. REUTERS/Rodrigo Antunes

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LISBOA – O partido de extrema-direita português, Chega, emergiu como a segunda força no parlamento do país após as eleições deste domingo (18), ao lado do Partido Socialista. A sigla de André Ventura praticamente empatou em número de votos com o PS, do ex-primeiro ministro António Costa, em pleito vencido pela coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD).

Com 97% das urnas apuradas, a coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD), do primeiro-ministro Luís Montenegro, que caiu em fevereiro, é a grande vitoriosa das eleições legislativas em Portugal neste domingo (18). A AD registra 33% dos votos, enquanto o Partido Socialista (PS) e o Chega, de extrema-direita, obtêm cerca de 23% cada.

Com o resultado, o Chega ganha a mesma quantidade de assentos (58) do PS, que por sua vez registra seu terceiro pior desempenho na história, e o mais negativo desde a década de 1980.

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Trata-se demais um capítulo da ascensão meteórica do partido, que, em apenas seis anos, viu seu desempenho eleitoral disparar de 1,3% para os atuais quase 23% – igualando o número alcançado pelo PS, partido que mais governou Portugal desde o fim da ditadura, em 1974.

O pleito deste ano reforçou a penetração do partido de Ventura em locais como o Algarve, conhecido por suas praias paradisíacas, onde o Chega foi o mais votado.

“O Chega matou hoje o bipartidarismo em Portugal”, declarou Ventura a jornalistas, logo após a divulgação das primeiras sondagens. “Obrigado por terem acreditado que era possível quebrar 50 anos de um sistema político sempre igual”, afirmou.

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Nascido em Sintra, no distrito de Lisboa, em 1983, Ventura formou-se em Direito e chegou a atuar como professor universitário e funcionário da Autoridade Tributária. Também ficou conhecido como comentarista esportivo antes de se lançar na política. Iniciou sua trajetória no Partido Social Democrata (PSD), mesmo partido do primeiro-ministro Luís Montenegro, mas rompeu com a legenda e fundou o Chega em 2019.

Desde então, Ventura tem sido protagonista de controvérsias e de um discurso polarizador. Se define como liberal na economia, conservador nos costumes e nacionalista na identidade. Entre suas propostas estão penas mais severas para crimes graves, prisão perpétua, castração química para abusadores sexuais e medidas duras contra corrupção.

Seu discurso anti-imigrante, no entanto, é central na sua plataforma. Ele mira especialmente ciganos, muçulmanos, indostânicos e beneficiários de programas sociais — embora poupe os brasileiros, maior comunidade estrangeira no país. Em várias ocasiões, Ventura afirmou que Portugal tem “minorias que se acham acima da lei”.

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Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)