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O Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, é um dos destinos mais procurados da Ásia para trilhas e escaladas. Mas também se tornou um dos mais letais. Segundo dados do governo local, oito pessoas morreram e ao menos 180 ficaram feridas nos últimos cinco anos em trilhas no parque nacional onde está localizado o segundo vulcão mais alto do país.
Entre as vítimas estão turistas da Malásia, Suíça, Irlanda, Portugal e agora do Brasil. A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, morreu após cair em uma encosta de difícil acesso na última sexta-feira (21). Ela só foi localizada quatro dias depois, já sem vida.
As causas dos acidentes mais comuns envolvem quedas, torções, clima instável e trilhas não oficiais. Em muitos casos, os visitantes não utilizam equipamentos adequados ou desrespeitam limites de segurança.
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A queda de Juliana e o resgate frustrado
Juliana caiu em um dos trechos mais perigosos da trilha para o cume do Monte Rinjani durante a madrugada, enquanto fazia o percurso guiado. Ela foi vista pela última vez na região de Cemara Nunggal, a cerca de 2.600 metros de altitude.
Equipes de resgate enfrentaram neblina densa, terreno instável e chuvas para tentar localizá-la. Drones térmicos foram utilizados sem sucesso nos primeiros dias. Apenas na manhã de segunda-feira (23), foi identificada com sinais de vida, mas em estado imóvel. Na terça, o corpo foi finalmente encontrado por uma equipe especializada em rapel e escalada. A causa oficial da morte ainda será confirmada.
Tragédias se repetem na trilha
O caso de Juliana reacende o alerta sobre os riscos no Monte Rinjani. Em 2022, o israelense Boaz Bar Anam caiu de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma selfie no topo do vulcão. Seu corpo foi resgatado quatro dias depois.
Em 2024, a suíça Melanie Bohner caiu em um barranco durante escalada solitária por uma rota não oficial. Já em maio de 2025, um turista malaio caiu de uma ravina de 80 metros após soltar-se de uma corda de segurança em meio à neblina.
Todos esses casos envolvem quedas em áreas perigosas, ausência de equipamentos de segurança ou desrespeito a recomendações oficiais.
Parque registra alta de acidentes e pede novos protocolos
Relatório do Escritório do Parque Nacional do Monte Rinjani divulgado em março aponta que os acidentes quase dobraram entre 2021 e 2024: de 33 para 60 casos por ano. A maioria envolve turistas locais, mas o número de estrangeiros em acidentes também é expressivo: 44 nos últimos cinco anos.
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O aumento da visitação desde o fim da pandemia trouxe benefícios econômicos à comunidade, mas ampliou a pressão sobre a segurança e o ecossistema local.
O parque instalou placas de alerta e intensificou as orientações, mas ainda enfrenta dificuldade para fiscalizar o cumprimento das normas por turistas e operadoras.