Biólogo vive oito meses isolado em ilha do Pacífico para estudar mudanças climáticas

Experiência solitária de francês revela impactos emocionais e ambientais do aquecimento global nos recifes de coral da Polinésia Francesa

Gabriel Garcia IA InfoMoney

(Reprodução/Instagram/@projet_a_contre_courant)
(Reprodução/Instagram/@projet_a_contre_courant)

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O biólogo marinho Matthieu Juncker passou quase oito meses completamente isolado em um atól remoto da Polinésia Francesa, no arquipélago de Tuamotu, para observar de perto os efeitos das mudanças climáticas.

A missão, concluída no início de 2025, permitiu ao cientista francês conciliar a análise fria dos dados científicos com uma vivência emocional intensa diante da degradação ambiental.

Durante sua estadia, Juncker testemunhou a morte de um terço dos recifes de coral locais, resultado de uma onda de calor marinho sem precedentes, que elevou a temperatura da água a 30,5 ºC por mais de cinco semanas, mesmo em profundidades de até seis metros.

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“Os dados são uma coisa, mas ver os corais morrerem diante dos meus olhos provocou uma emoção que eu nunca havia sentido”, relatou o pesquisador à agência de notícias AP.

Além do impacto ambiental, a experiência trouxe desafios pessoais.

O isolamento extremo e as mudanças constantes do ambiente, como tempestades que alteravam a paisagem da ilha em poucas horas, provocaram em Juncker uma sensação de insignificância diante da natureza.

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“A solidão às vezes se torna algo violento, mas também um forte sentimento de pertencimento ao meio ambiente”, afirmou.

A missão foi interrompida por um mês e meio devido a uma insurreição na Nova Caledônia, em maio de 2024, quando Juncker precisou deixar o atol para checar a segurança de seus familiares.

De volta à Nova Caledônia, ele agora compartilha sua experiência em conferências e prepara artigos científicos sobre o estado dos recifes e sobre o titi, ave endêmica da região cuja população caiu drasticamente nos últimos anos.

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A jornada de Juncker já inspira ações de preservação: moradores dos atóis vizinhos criaram uma associação para proteger os ecossistemas locais, e um documentário sobre sua experiência, com quase 300 horas de gravações, deve chegar aos cinemas franceses em breve.

Para o biólogo, “uma exploração não vale nada se não for compartilhada”.