“Bandidos”: Pentágono diz que operação em Los Angeles deve durar 60 dias

Califórnia recorreu à Justiça para tentar impedir que Donald Trump militarize a resposta aos protestos

Estadão Conteúdo

Um homem enfrenta membros das forças de segurança em frente ao edifício federal Edward R. Roybal, após dias de protestos contra as operações federais de imigração e o envio da Guarda Nacional da Califórnia e dos Fuzileiros Navais dos EUA, no centro de Los Angeles, Califórnia, EUA, 10 de junho de 2025. REUTERS/David Ryder
Um homem enfrenta membros das forças de segurança em frente ao edifício federal Edward R. Roybal, após dias de protestos contra as operações federais de imigração e o envio da Guarda Nacional da Califórnia e dos Fuzileiros Navais dos EUA, no centro de Los Angeles, Califórnia, EUA, 10 de junho de 2025. REUTERS/David Ryder

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Cerca de 700 fuzileiros navais chegaram nesta terça-feira, 10, a Los Angeles para reforçar a operação do governo de Donald Trump contra os protestos que sua política anti-imigração enfrenta na Califórnia. O uso de militares no estado deve se estender por 60 dias, ao custo de US$ 134 milhões.

Além dos fuzileiros navais, o governo republicano está enviando para Los Angeles 4 mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, contra a vontade do governador Gavin Newsom, do Partido Democrata. A Califórnia recorreu à Justiça para tentar impedir que Donald Trump militarize a resposta aos protestos. Newsom comparou as ações de Trump às de regimes autoritários.

Em audiência no Congresso, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e uma autoridade do Pentágono disseram que o envio de tropas da Guarda Nacional e de fuzileiros navais para Los Angeles vai durar pelo menos 60 dias e custar US$ 134 milhões.

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“Declaramos publicamente que serão 60 dias porque queremos garantir que aqueles manifestantes violentos, saqueadores e bandidos que estão do outro lado, atacando nossos policiais, saibam que não vamos a lugar nenhum”, disse Hegseth na Câmara.

Após questionamentos insistentes de parlamentares, Hegseth recorreu à sua controladora interina, Bryn Woollacott MacDonnell, que forneceu o valor total e afirmou que esse custo “refere-se principalmente a despesas com transporte, alojamento e alimentação”.

Por sua vez, o presidente Donald Trump afirmou que as tropas devem permanecer na Califórnia “até que não haja mais perigo” e insistiu que “teria sido uma situação horrível” se não tivesse enviado os soldados da Guarda Nacional para Los Angeles.

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A Califórnia apresentou nesta terça-feira uma petição de emergência para que a Justiça impeça o governo de Donald Trump de colocar militares nas ruas de Los Angeles. O pedido afirma que a presença de soldados nas ruas já causou danos à cidade e “precisa ser interrompida imediatamente”. A petição faz parte do processo aberto pelo governo da Califórnia contra a apropriação da Guarda Nacional por Donald Trump.

“Resumidamente, soldados patrulhando as ruas de Los Angeles não tornaram ninguém mais seguro; na verdade, o oposto é verdadeiro”, afirma a petição, acrescentando que a medida espalhou medo e aumentou a tensão na cidade. “A presença dos militares ameaça desestabilizar ainda mais a comunidade.”

Este é o mais recente desdobramento de uma disputa que se intensifica rapidamente entre o governo federal e o estado mais populoso do país, enquanto Trump adota medidas extraordinárias para empregar forças militares em território nacional.

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Newsom argumenta que a mobilização está alimentando a agitação em Los Angeles, onde manifestantes protestam contra operações recentes dos agentes do serviço de imigração. Em meio à disputa, o presidente Donald Trump chegou a ameaçar o governador de prisão, sem especificar qual seria a acusação.

Em resposta, Newsom classificou o republicano como autoritário. “Esse é o presidente americano, em 2025, ameaçando um adversário político que, por acaso, é um governador em exercício”, disse Newsom em entrevista na segunda-feira. “Isso não tem precedente nos tempos modernos. É o tipo de coisa que vemos ao redor do mundo, em regimes autoritários.”

As declarações de Newsom refletem a frustração entre democratas, que têm sido incapazes de conter o que veem como escalada antidemocrática de Trump em seu segundo mandato.

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“Trump é um presidente muito diferente do que foi em sua primeira passagem pelo cargo”, disse Newsom. “Você vê isso na forma como ele eliminou completamente qualquer tipo de fiscalização do Congresso; na maneira como tenta eliminar a supervisão do Judiciário, ameaçando impeachment de juízes e testando os limites das ordens judiciais.”