Agência internacional alerta que escudo de segurança em Chernobyl está comprometido

Ataque com drone em fevereiro causou um grande incêndio no revestimento externo da maciça estrutura de aço construída para evitar a liberação de radiação

Roberto de Lira

Usina de Chernobyl (Foto: REUTERS/Gleb Garanich)
Usina de Chernobyl (Foto: REUTERS/Gleb Garanich)

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O escudo de proteção contra radiação na área da antiga usina ucraniana de Chernobyl conhecido como Novo Confinamento Seguro (NSC, na sigla em inglês) foi severamente danificado em um ataque russo com um drone realizado em fevereiro e perdeu suas funções primárias de segurança.

O alerta foi feito pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês), que colocou equipes na Ucrânia este mês para avaliar o estado das instalações de energia do país, que têm sido alvo de constantes ataques por parte da Rússia.

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A agência disse que o ataque do início deste ano causou um grande incêndio no revestimento externo da maciça estrutura de aço construída para evitar a liberação radioativa do reator da usina, destruído no acidente de 1986. Porém, também foi informado que não há, até agora, danos permanentes às estruturas de suporte ou dos sistemas de monitoramento.

“Reparos temporários limitados foram realizados no telhado, mas a restauração oportuna e abrangente continua essencial para evitar maior degradação e garantir a segurança nuclear a longo prazo”, disse na sexta-feira o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi.

A AIEA recomendou trabalhos adicionais de restauração e proteção da estrutura do NSC, incluindo medidas de controle de umidade e um programa atualizado de monitoramento de corrosão. Também foi recomendada a atualização de um sistema integrado de monitoramento automático para a estrutura do objeto do abrigo construída sobre o reator imediatamente após o acidente.

Chernobyl deverá receber 2026 reparos temporários adicionais para apoiar a restabelecimento da função de confinamento do NSC, abrindo caminho para a restauração total após o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. O programa terá recursos do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).

“A AIEA, que possui uma equipe permanente no local, continuará fazendo tudo o que puder para apoiar os esforços de restauração total da segurança e proteção nuclear no local de Chernobyl”, disse Grossi.

Como parte do programa abrangente de assistência, a Agência organizou três novas entregas de equipamentos e suprimentos para a Ucrânia, elevando o total para 188 desde o início do conflito. A unidade médica do local da Usina Nuclear de Chernobyl recebeu medicamentos e a Central Enterprise for Radioactive Waste Management recebeu diversos equipamentos de proteção individual. As entregas foram apoiadas com fundos da União Europeia e do Reino Unido.

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Com essas entregas, o valor total dos equipamentos e suprimentos necessários para a segurança e proteção nuclear que chegaram à Ucrânia desde o início do conflito armado ultrapassa 21 milhões de euros (cerca de R$ 130 milhões).

Sobre as visitas às demais instalações de energia nuclear ucranianas, Rossi destacou as subestações em análise são essenciais para a segurança e proteção nuclear. “Elas são absolutamente indispensáveis para fornecer a eletricidade que todas as usinas nucleares precisam para resfriamento de reatores e outros sistemas de segurança. Elas também são necessários para distribuir a eletricidade que produzem para residências e indústrias.”

Missões anteriores da AIEA às subestações evidenciaram a contínua degradação da rede e o aumento dos desafios à infraestrutura de transmissão. Subestações funcionam como instalações onde os níveis de tensão são transformados e controlados para uma transmissão confiável de energia. A AIEA continua monitorando a situação sob a perspectiva da segurança e proteção nuclear.