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A relação entre Colômbia e Estados Unidos atingiu um novo ponto de ruptura neste fim de semana. O presidente colombiano, Gustavo Petro, acusou forças americanas de matarem um pescador colombiano durante um ataque no Caribe, e o presidente Donald Trump reagiu com a ameaça de duras sanções econômicas, prometendo cortar a ajuda financeira e impor novas tarifas ao país.
A declaração de Petro, feita nas redes sociais no domingo (19), descreve o episódio como um “ato de assassinato” e “violação da soberania nacional”.
Segundo ele, Alejandro Carranza, um pescador de longa data, foi morto em meados de setembro quando seu barco, avariado e à deriva, teria sido atingido por tropas americanas que patrulhavam a região sob o pretexto de combate ao tráfico.
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Trump acena com possibilidade de reduzir tarifas sobre a China, mas impõe condições
A bordo do Air Force One, o republicano disse ainda não querer que o país asiático “jogue o jogo das terras raras conosco”.

Trump acusa presidente da Colômbia de incentivar produção de drogas e corta subsídios
O chefe da Casa Branca ainda disse que Petro é “um líder mal avaliado e muito impopular”
“Autoridades dos Estados Unidos cometeram um assassinato em águas colombianas”, escreveu Petro. Washington, no entanto, sustenta que a embarcação fazia parte de uma operação de narcotráfico, embora nenhuma prova concreta tenha sido apresentada além de relatórios de inteligência e vídeos editados de ataques recentes.
Trump reage
Em resposta, o presidente Trump acusou Petro de “conivência com o tráfico” e disse que a Colômbia “não faz o suficiente para conter a produção de drogas ilegais”. O republicano anunciou que suspenderá os repasses de ajuda financeira a Bogotá e que novas tarifas sobre produtos colombianos serão detalhadas nesta segunda-feira (20).
“Gustavo Petro é um traficante disfarçado de presidente”, declarou Trump a repórteres a bordo do Air Force One, antes de decolar de Washington.
A Colômbia é um dos maiores beneficiários da assistência americana na América Latina, recebendo tradicionalmente recursos voltados ao combate ao narcotráfico.
O governo Trump, contudo, já havia reduzido essa ajuda no início do ano, os cortes deixaram o país com menos de 25% dos US$ 400 milhões inicialmente previstos, segundo o Office of Washington for Latin America (WOLA).
Relação conturbada
As trocas de acusações marcam mais um capítulo da relação tensa entre Trump e Petro desde o início do atual mandato americano.
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Em janeiro, Trump já havia ameaçado aplicar “tarifas altíssimas” à Colômbia depois que o governo colombiano tentou impedir o pouso de aeronaves militares americanas que deportariam migrantes.
Em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, Washington revogou o visto de Petro após o presidente colombiano pedir publicamente que soldados americanos “desobedecessem ordens ilegais” de Trump durante um comício em Nova York.
Operação militar
Os Estados Unidos têm conduzido uma ampla operação militar no Caribe, concentrada em embarcações que, segundo o Pentágono, transportam drogas da Venezuela para outros países.
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Fontes militares afirmam que dezenas de pessoas foram mortas em ataques a navios nas últimas semanas — a maioria sem identificação pública.
O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, confirmou que as forças dos EUA realizaram um novo ataque na sexta-feira (17) contra uma embarcação supostamente ligada ao Exército de Libertação Nacional (ELN), grupo rebelde colombiano. Nenhuma prova foi apresentada.
Escalada militar
A crise ocorre em meio ao maior deslocamento militar americano no Caribe em décadas — cerca de 10 mil soldados, além de navios e aeronaves, segundo fontes do Departamento de Defesa.
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Embora oficialmente o objetivo seja combater o narcotráfico e o terrorismo, autoridades próximas a Trump reconhecem que a operação busca aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
Petro, que mantém relações amistosas com Caracas, tem defendido uma saída diplomática para a crise e se apresenta como mediador — uma posição que agora o coloca em confronto direto com Washington.
Próximos desdobramentos
O governo colombiano ainda não confirmou se convocará o embaixador americano em Bogotá para prestar esclarecimentos. Enquanto isso, analistas alertam que os cortes de ajuda e o aumento de tarifas podem afetar programas sociais e de segurança, além de agravar a tensão comercial entre os dois países.
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A disputa também acirra o isolamento regional de Petro, que vê Trump endurecer sua política externa contra governos de esquerda na América do Sul.
“Temos um presidente digno, que não se ajoelha e exige que os Estados Unidos assumam sua responsabilidade”, disse Cepeda.