Uso do plano de saúde ainda é menor que no pré-pandemia, mostram dados da ANS

Boletim da agência informa, por exemplo, que a taxa mensal geral de ocupação de leitos foi de 74% em maio, abaixo dos 76% observados em maio de 2019

Mariana Segala

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SÃO PAULO – A edição de junho do Boletim Covid-19, em que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) compila dados sobre o impacto do coronavírus nos números da saúde suplementar, revela novo aumento do número de beneficiários de planos de assistência médica e mostra que a utilização dos serviços de saúde pelos beneficiários cresce lentamente, permanecendo abaixo do pré-pandemia.

Segundo a agência, a relação entre receita e despesa das operadoras – ou sinistralidade, no jargão técnico – se manteve em patamar similar ao período anterior à eclosão da pandemia, em março de 2020.

De acordo com os números da ANS, a quantidade de beneficiários em planos de assistência médica atingiu 48.137.766 em maio, aumento de 0,32% em relação a abril. Na comparação com maio de 2020, houve crescimento em todas as modalidades de contratação, com destaque para os planos coletivos empresariais, que avançaram 4,04%.

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O boletim informa ainda que, em maio, a taxa mensal geral de ocupação de leitos – que engloba leitos comuns e de UTI – foi de 74%, ante 72% em abril. Porém, ficou abaixo dos 76% observados em maio de 2019, antes da existência da pandemia de coronavírus.

Já a taxa de ocupação de leitos para Covid-19 manteve-se estável em maio, na comparação com abril, passando de 72% para 73%. Da mesma forma, a taxa de leitos para outros procedimentos teve movimento semelhante, subindo de 73% para 74%.

A quantidade de consultas em pronto-socorro que não geraram internações foi maior em relação a abril, mas continua abaixo do observado antes do início da pandemia, informa a ANS. Já o número de autorizações para exames e terapias eletivas se manteve em patamar semelhante ao verificado em maio de 2019, com um pequeno recuo, de -0,09%.

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“De maneira geral, o Boletim aponta que nos primeiros meses de 2021 não houve um aumento de utilização de serviços de saúde no comparativo com 2019 (pré-pandemia). Os números seguem no mesmo patamar (no caso de exames e terapias eletivas) ou em patamar inferior (no caso de internações e atendimentos em pronto-socorro)”, ressaltou a agência em nota à imprensa.

Sobre exames relacionados à Covid-19, a agência destaca que os dados disponíveis vão até março de 2021. Naquele mês, foram contabilizados 534.481 exames RT-PCR e 83.834 testes do tipo sorológico. “Destaca-se um novo aumento no número de exames RT-PCR, interrompendo a queda iniciada em janeiro deste ano”, informa. “No entanto, o mês de dezembro de 2020 segue sendo o que registrou o maior número de exames realizados nas duas modalidades: 817.955 testes do tipo RT-PCR e 191.365 sorológicos”.

Sinistralidade

De acordo com a ANS, o índice de sinistralidade dos planos de saúde chegou a 82% no segundo trimestre de 2021, até maio. Foi um aumento em relação ao primeiro trimestre, quando alcançou 75%. Porém, foi o “mesmo percentual observado no segundo trimestre de 2019, pré-pandemia, não havendo evidências, até o momento, de que a tendência deva se alterar”, informou a agência.

Segundo o boletim, a taxa de sinistralidade em 2020 foi de 72,4%, uma queda de mais de oito pontos percentuais em relação a 2019, quando atingiu 80,7%. A agência argumenta que se trata de “resultado das medidas de isolamento social e queda na realização de procedimentos eletivos”.

A inadimplência aumentou em maio em relação a abril, com o índice passando de 6% para 9%. “Porém, esse índice, e também os percentuais de inadimplência verificados por tipo de contratação do plano (individuais/familiares e coletivos), permanecem próximos dos seus patamares históricos”, disse a ANS.

O boletim da ANS considerou informações coletadas junto a uma amostra de 50 operadoras que possuem rede própria hospitalar. Para os índices econômico-financeiros, foram analisados dados de 99 operadoras para o estudo de fluxo de caixa e de 97 operadoras para análise de inadimplência.

Desde maio o mercado aguarda a divulgação do percentual máximo de reajuste que poderá ser aplicado pelas operadoras nos planos individuais ou familiares, que são os vendidos diretamente para os consumidores, referente ao período de maio de 2021 a abril de 2022.

O assunto está gerando burburinho porque é possível que, pela primeira vez, o percentual de reajuste seja negativo, o que levaria os planos de saúde a ficar mais baratos. Nos últimos 20 anos, o indicador sempre ficou no campo positivo. O menor reajuste foi de 5,42%, em 2000.

O argumento é exatamente a diminuição tanto da sinistralidade (acionamento do plano) quanto das despesas assistenciais dos planos de saúde, ocorrida em função da suspensão ou do adiamento de procedimentos médicos não emergenciais ao longo de 2020.

Já as operadoras têm outra visão. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) afirma que no primeiro semestre de 2020 houve, sim, menor utilização do sistema de saúde suplementar, mas que o cenário mudou a partir do fim do ano passado – o que os dados do novo Boletim Covid-19 coloca em questão.

A discussão, nesse momento, segundo a ANS, está no Ministério da Economia, que já recebeu os estudos e indicações da agência e precisa aprová-los antes da divulgação.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney