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Tem um carro com mais de 10 anos? Veja dicas para não ficar desprotegido

Levantamento feito pela insurtech TEx a pedido do InfoMoney mostra que vem aumentando busca por proteção securitária para veículos mais antigos

Jamille Niero

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Mesmo com o programa de descontos para a compra de carros “populares”, criado pelo governo para estimular as vendas do setor, muitos ainda não conseguem adquirir um zero-quilômetro para chamar de seu. Aliás, a frota automotiva brasileira vem envelhecendo ano a ano.

Atualmente a média de idade dos automóveis é de 10 anos e 9 meses, segundo a edição de 2023 do estudo realizado anualmente pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). A faixa etária da frota no país é quase a mesma que a de 1994, que naquele ano era apenas um mês mais jovem do que a atual.

Mas não é porque o carro não é novo que ele deve ficar sem seguro. Um levantamento feito pela insurtech TEx a pedido do InfoMoney mostra que vem aumentando a busca por proteção securitária para os veículos com mais de 10 anos. A participação deles na base de dados da empresa teve crescimento de 17,4% nos últimos 12 meses (até abril) e 46,2% nos últimos 24 meses (também até abril).

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O levantamento apontou ainda que em abril de 2023, a taxa mediana de seguro de um automóvel zero-quilômetro foi 4,3%, enquanto a de um automóvel acima de 10 anos foi 12,9%, exatamente o triplo (ou 200% acima) da primeira.

Um outro levantamento, feito pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), também a pedido do InfoMoney, mostra que em 2020 cerca de 2,2 milhões de “veículos expostos” no país possuíam idade igual ou superior a 10 anos de um volume total de 14,3 milhões. Ou seja, 16% do total.

Os dados são os mais recentes disponíveis no Sistema Autoseg que, segundo o órgão fiscalizador do mercado de seguros, é o único local onde podem ser consultados os dados segregados por ano/modelo do veículo. A Susep informou que o sistema está com a atualização em atraso “em função da pandemia e da implementação do novo sistema”, por isso não há dados mais recentes.

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Na tabela a seguir é possível visualizar a proporção, por idade, dos veículos expostos.

A Susep também forneceu, a pedido do InfoMoney, a quantidade e o total de indenizações apurados para o conjunto dos veículos com idade igual ou superior a 10 anos, e para a totalidade dos veículos expostos, de forma segregada para veículos de roubo/furto, colisão, incêndio e outros (incluindo assistência 24 horas).

Os dados mostram, por exemplo, que os veículos com 10 anos ou mais tiveram um volume significativo de indenizações por incêndio, com 31% do total.

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Roubo/Furto Colisão Incêndio

Outros
(inclui Assistência 24h)

Quantidade Indenizações Quantidade Indenizações Quantidade Indenizações Quantidade Indenizações
Veículos com 10 anos ou mais 52.981 347.874.923 89.645 899.589.116 1.158 28.490.501 845.705 450.445.364
Total de veículos 321.338 3.554.170.238 874.505 9.387.799.438 3.724 145.012.638 3.973.921 2.777.844.941
Percentual com 10 anos ou mais 16,5% 9,8% 10,3% 9,6% 31,1% 19,6% 21,3% 16,2%

Fonte: Susep

De acordo com Marcia Camacho, diretora de operações da corretora Minuto Seguros, o valor do seguro para automóvel (novo ou usado) depende de questões como o modelo, ano e perfil do proprietário e pode variar de seguradora para seguradora porque cada uma utiliza critérios próprios para calcular o custo da proteção para o cliente. Ela destaca, contudo, que essa precificação sempre considera o valor de mercado do veículo e o processo de depreciação.

“O seguro de um carro mais antigo pode ser mais caro do que o dos carros novos, já que um carro antigo apresenta mais chances de sofrer sinistros [ocorrência do risco previsto em contrato] e, principalmente, de apresentar maior dificuldade no reparo em relação a encontrar peças para o conserto”, diz.

Marcia explica que nem todas as seguradoras têm cobertura, “pois esse tipo de veículo pode não constar na tabela Fipe, não permitindo uma base de cálculo para o valor da apólice. Outro fator levado em consideração é que o limite de quilometragem também pode influenciar”, complementa a diretora da Minuto.

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De forma geral, ela explica que as principais coberturas disponíveis no mercado segurador para esse tipo de veículo são:

“É recomendado que cada condutor procure com calma o produto que mais faça sentido a ele, até porque não são todas as seguradoras que oferecem esse tipo de seguro”, salienta Marcia.

Por exemplo, ela conta que atualmente os carros nacionais de até 10 anos são aceitos sem problemas nas seguradoras. Já os veículos na faixa entre 10 e 20 anos têm aceitação, mas nem todas as seguradoras aceitam o risco. “Agora, para carros acima de 20 anos, normalmente, o que é aceito é roubo e furto ou somente o seguro de responsabilidade civil facultativa (RCF) [por danos] causados a terceiros”, indica a diretora da corretora.

Na avaliação de Rafael Ramalho, vice-presidente de Automóvel da HDI Seguros, o mercado segurador vem evoluindo com inovações e novas modalidades para compor planos de seguro a fim de garantir a cobertura total e parcial dos veículos. “Essa necessidade vem se transformando para acompanhar também o mercado automobilístico que vem avançando cada dia mais em novas tecnologias e modelos, como veículos híbridos e elétricos”, destaca.

Ele cita algumas das evoluções ao longo das últimas três décadas – quando a idade média da frota brasileira era quase a mesma de hoje – como o aumento na variedade de coberturas disponíveis e o desenvolvimento de sistemas de avaliação de risco mais sofisticados, “permitindo uma precificação mais precisa dos seguros”, sinaliza o executivo.

Ramalho elenca ainda uma série de ações que o proprietário de um automóvel com mais de 10 anos deve realizar para evitar prejuízos. Entre elas:

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa