Sob inflação alta, consumidor recorre à marca própria de produtos para conter gastos em supermercados

Veja oito estratégias de consumo para sair com o carrinho cheio sem estourar as finanças

Gilmara Santos

Com a inflação ainda em índices elevados e os preços, sobretudo, dos alimentos nas alturas, famílias brasileiras buscam alternativas para equilibrar as contas na ida ao supermercado.

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Neste sentido, recorrer às marcas próprias e a compras em atacarejos têm sido a alternativa encontrada por muitos consumidores. As compras em atacarejos podem custar até 30% menos, dependendo do produto, mesmo percentual que pode ser economizado com as marcas próprias.

Dados da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) mostram que a média de itens e o tíquete médio de cupons que contêm marcas próprias chegam a ser 120% maior ao comparar com cupons que só possuem marcas tradicionais.

“O cenário econômico está mudando o hábito dos brasileiros que vão às compras. É cada vez maior o número de consumidores que abrem mão das marcas conhecidas e colocam no carrinho produtos de marcas próprias”, afirma Neide Montesano, presidente da associação.

Entre janeiro de 2019 e o primeiro mês deste ano, o gasto dos brasileiros com esse tipo de produto cresceu mais de 22%. Um dos motivos é o preço menor. De acordo com a entidade, itens de marca própria custam até 30% menos do que as bandeiras tradicionais.

Mesmo com os preços dos atacarejos e marcas próprias pesando menos no bolso, o economista Marcelo Fonseca, diretor de operações da HLB Brasil, considera que o consumidor tem que ficar atento e evitar fazer muito estoque em casa porque a expectativa é que os preços caiam.

Vilões do bolso

O leite, grande vilão da inflação no mês de julho, começou a acenar um alívio para o bolso do consumidor em agosto, devido a um recuo no consumo e incentivos à produção. Ainda assim, o leite longa vida, acumula 28,03% de variação no ano, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto.

Levantamento da Horus, empresa de inteligência de mercado parceira da Abmapro, mostra que, em fevereiro, o leite de marca própria era, em média, 15% mais barato do que o de marcas tradicionais. Em junho, último dado disponível, a diferença caiu um pouco, mas seguia até 10% mais barato ao consumidor.

Leite

De acordo com Neide Montesano, com inflação tão alta, se o consumidor trocar cesta básica com produtos tradicionais por aqueles de marca própria, economiza cerca de 25% a 30%, podendo comprar, talvez, produtos que antes não tinha acesso.

Ainda conforme levantamento da entidade, entre janeiro e junho deste ano, o açúcar de marca própria custou 6,6% menos do que os tradicionais; o arroz branco sai 9,7% mais barato; biscoito de polvilho, 19,2%; e o feijão preto, 4,1%. Já o queijo muçarela da marca própria foi 11,4% mais caro no período.

Fabio Silva, country manager do alt.bank, cita levantamento da consultoria Kantar, em 2021, que com IPCA a 10,1%, o brasileiro levou para casa um volume 5,6% menor de produtos. Para economizar dinheiro no supermercado, diz Silva, é possível criar diversas estratégias.

“Normalmente, a cada dia da semana, alguma seção do mercado está em promoção, então se planeje para comprar os itens nos dias em que estão mais em conta ou opções próximas ao vencimento, mas que serão de fato consumidas até lá”, sugere o especialista. “Além disso, estar aberto a trocar marcas com preços mais elevados por outras mais baratas, ou então optar por produtos a granel, como cereais, arroz, feijão, e itens de limpeza, como sabão líquido. Há a possibilidade de levar para casa a quantidade exata que precisa e ainda não pagar pela embalagem”, complementa.

Para Eduardo Prota, CEO da N26, a palavra-chave é “priorização”. Para muitos, a única hora de pensar no dinheiro é quando economizar vira uma necessidade, mas a relação com o dinheiro não pode acontecer só nos momentos negativos. “É importante buscar um equilíbrio entre guardar e gastar. Se você faz questão de uma marca específica para algum item, tudo bem. Compre o produto e tente balancear economizando em itens menos prioritários no resto da lista. Priorizar é um ótimo primeiro passo para uma relação melhor com o dinheiro”, afirma.

Dicas para reduzir conta no supermercado

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) listou uma série de estratégias para garantir economia nas compras. Confira:

1 – Prepare uma lista de compras
Não abra mão da boa e velha lista: ela é fundamental para norteá-lo a comprar o que realmente precisa. Leve em conta os folhetos promocionais dos supermercados da sua região.

2 – Defina um valor máximo
Estipule um valor máximo para gastar na sua compra, incluindo um valor total para o mês. Quando você prioriza as suas necessidades e define seu orçamento, você diminui as chances de levar aqueles produtos que de fato não pretendia comprar.

3 – Faça compras mensais
Quanto mais você for ao mercado, maior a tentação e a possibilidade de fugir do orçamento. Por isso, procure fazer as compras do mês de uma só vez ou então só vá ao supermercado uma vez por semana. Uma boa dica dos economistas é que na segunda quinzena do mês há uma queda normal de vendas e assim, as empresas ficam mais propícias a reduzir os valores.

4 – Compare preços
Sempre faça uma pesquisa de preços antes de decidir onde vai fazer as compras e considere comprar no atacado, principalmente se sua família for maior. Hoje, já é possível contar com a ajuda da tecnologia para gastar menos: há diversos apps e sites que comparam preços em diferentes supermercados e analisam onde está o preço mais baixo. Também é importante se informar com um funcionário do supermercado sobre os períodos de promoções.

5- Não vá às compras com fome ou cansado
Faltou tempo para pesquisar e comparar preços? Evite ir às compras com pressa, com fome ou cansado. Nessas situações, é mais fácil cair na tentação e comprar produtos que não estavam na lista.

6 – Use uma calculadora
Leve uma calculadora ou use a calculadora do seu celular na hora da compra. Ela é muito útil para saber o preço unitário dos produtos e comparar quantidades. Lembre-se que nem sempre o maior é o mais econômico.

7- Questione promoções
Seja sempre crítico com as promoções: antes de colocar o produto no carrinho, se questione se o preço compensa e se você está realmente precisando do item.

8 – Evite levar as crianças
Está comprovado que os pequenos são alvos fáceis para o marketing e que influenciam na decisão de compra dos pais. Por isso, só leve as crianças nas compras se realmente necessário. Por outro lado, essa pode ser uma boa oportunidade para ensiná-las noções de finanças. A primeira delas é: não se pode comprar tudo o que se quer.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.