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Temporada de resultados dos bancos começa na segunda-feira; o que esperar?

Analistas preveem redução do lucro e das carteiras de crédito e aumento das provisões para perdas com empréstimo

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – Perspectivas pessimistas e um cenário conturbado acompanham a largada da temporada de resultados do setor bancário, que acontece já na próxima segunda-feira (2), com a divulgação dos números do Bradesco. Embora a redução das carteiras de crédito seja um problema relevante, a grande preocupação é o aumento das provisões para perdas com empréstimos.

A questão é levantada pela Itaú Corretora como sendo correlacionada com a piora do nível de risco dos empréstimos. “Em outras palavras, quanto pior for o perfil de risco do portfólio, maior será a necessidade de reportar despesas com perdas de crédito”, explica a instituição, em relatório. Para os analistas, nem mesmo o aumento dos spreads de crédito será suficiente para reduzir essas despesas.

O banco JPMorgan também aborda o assunto como sendo a principal preocupação da temporada, ainda maior do que o temor acerca da possibilidade de compressão dos spreads bancários. “Nossas projeções agora incorporam aumentos de aproximadamente 100 a 150 pontos-base nas proporções de empréstimos podres e avanços de 30 a 50% nas provisões de crédito dos grandes bancos em 2009”.

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Avanço do crédito

Conforme análise da corretora do Itaú, o crescimento do crédito será modesto no trimestre, já que os bancos médios estavam preocupados em manter sua posição de caixa, enquanto os grandes se mostraram relutantes em desembolsar novos empréstimos, tanto a indivíduos quanto a empresas.

O que esperar do 4T08?

Os analistas da Itaú Corretora avaliaram os principais pontos que devem impactar os resultados dos bancos em seu universo de cobertura. Confira:

ABC Brasil – As previsões são de declínio do lucro líquido do trimestre devido à redução em seu portfólio de crédito, somado ao aumento das despesas com perdas de empréstimo.

Banco do Brasil – Expectativa de ganhos menores do que no terceiro trimestre e aumento significativo das provisões para perdas com crédito. Porém, o crescimento dos empréstimos pode ser maior do que de seus rivais.

Bradesco – Provavelmente os resultados mostrarão maiores provisões para perdas com créditos e menor lucro líquido do que nos trimestres anteriores, devido a menores ganhos do Tesouro, que foram afetados pela marcação a mercado da sua exposição a CDS (Credit Default Swap). Por outro lado, os analistas acreditam que o segmento de seguros deve continuar em níveis adequados.

BicBanco – Os resultados devem ser piores do que no terceiro trimestre de 2008, devido também à redução da carteira de crédito e de maiores provisões para perdas com crédito.

Cruzeiro do Sul – A Itaú Corretora prevê uma redução na geração de crédito do banco, que pode cair para aproximadamente R$ 300 milhões no quarto trimestre, frente aos R$ 600 milhões no período imediatamente anterior. Maiores gastos com comissões devem levar a uma queda das despesas administrativas totais.

Daycoval – Estão previstos declínios da carteira de empréstimos, o que pode levar a um menor lucro com operações de crédito. Em compensação, as provisões para perdas com crédito devem continuar no mesmo nível do terceiro trimestre de 2008.

Panamericano – Com projeções de desaceleração da geração de crédito, os analistas da Itaú Corretora preveem um declínio do lucro líquido do banco na base de comparação trimestral.

Paraná – Ao contrário de grande parte das instituições financeiras no universo de cobertura da corretora, o banco deve registrar “resultados decentes” no trimestre, devido ao segmento de seguros. Já o segmento de folha de pagamento deve apresentar uma queda significativa em termos de geração, caindo para menor de R$ 100 milhões no período.

Pine – Também afetado pela redução da carteira de crédito e aumento nas provisões para perdas com empréstimos, a instituição deve reportar um declínio no lucro líquido do quarto trimestre de 2008.

Sofisa – Menor geração das atividades de varejo deve resultar em um recuo significativo na carteira de crédito do banco.

Projeções

Incorporando um cenário mais pessmista e a maior deterioração da qualidade dos ativos, o JPMorgan aumentou as previsões do nível das provisões para crédito e reduziu as projeções de ganhos e lucratividade do trimestre. A estimativa de ganhos recorrentes dos grandes bancos para 2009 e 2010 caiu de 3% a 16% em relação à projeção anterior.

Depois de normalizar as expectativas acrescentando as transações pendentes – como a fusão entre Itaú e Unibanco e as aquisições da Nossa Caixa e do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil – os analistas do JPMorgan estimam uma queda de 2% a 6% dos lucros recorrentes dos grandes bancos em 2009, na comparação com 2008. Já a rentabilidade sobre o patrimônio deve cair entre 200 e 300 pontos-base, para uma média de 19% a 20%.

Projetando um cenário pessimista para este ano, os analistas do banco optaram por reduzir a recomendação ao Bradesco de overweight (acima da média) para neutra. Dessa forma, o Itaú continua a ser o único dentre os grandes brasileiros com recomendação de overweight pelo JPMorgan, devido ao potencial de melhora da sua eficiência como resultado da fusão com o Unibanco.

Projeções de Lucro Recorrente por Ação (R$)
Empresa 4T08
Anterior
4T08
Revisado
2008
Anterior
2008
Revisado
2009
Anterior
2009
Revisado
Bradesco 0,63 0,59 2,54 2,49 2,75 2,40
Banco do Brasil 0,58 2,56 2,61 2,52
Itaú 0,68 0,64 2,66 2,64 3,12 2,64
Unibanco 0,53 0,50 2,10 2,08 2,15 1,97

Fonte: JPMorgan