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Seguro de crédito ganha força entre PMEs após rombo contábil da Americanas

Inflação e juros altos, desemprego e escalada da inadimplência são outros combinados que contribuem para procura da proteção no país

Gilmara Santos

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As pequenas e médias empresas têm papel de destaque na economia brasileira. Segundo dados do Sebrae, os pequenos negócios representam 27% do PIB (Produto Interno Bruto), 52% dos empregos com carteira assinada, 40% dos salários pagos e contam com 8,9 milhões de micro e pequenas empresas.

De olho neste mercado, as seguradoras começam a desenvolver produtos específicos para essas empresas. Recentemente, a CredRisk, que foi adquirida pela MDS em 2022, em parceria com AVLA, insurtech que oferece soluções financeiras com foco em garantia e em seguro de crédito, lançaram o seguro de crédito para os pequenos e médios negócios.

“Com o novo produto, o segurado-credor será respaldado nas perdas financeiras causadas pela falência ou recuperação judicial dos seus clientes devedores. Além dos riscos de insolvência, o seguro de crédito inclui o serviço de gerenciamento de riscos de crédito”, explica Felippe Astrachan, country manager da AVLA.

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O produto está disponível para empresas com faturamento de até R$ 50 milhões. Durante o contrato da apólice do seguro, a empresa também negocia o serviço de monitoramento de crédito 24h por dia. “O papel da seguradora é monitorar se as empresas estão vendendo os seus produtos e serviços para as pessoas certas. O intuito é educar os empresários para a proteção do negócio.”

“Em função do momento macroeconômico, com a taxa de juros [Selic] elevada, que compromete a capacidade das empresas de fazer frente às suas obrigações com fornecedores, empresas de todos os segmentos e portes, inclusive as PMEs, estão buscando proteger suas operações utilizando o seguro de crédito como uma ferramenta adicional para mitigar o risco de default“, avalia Ilan Kajan, VP Riscos Corporativos da Alper Seguros.

Caso Americanas

O seguro de crédito, modalidade que garante a cobertura de pagamento dos recebíveis de transações comerciais a prazo das vendas B2B, passou a ganhar destaque com o escândalo financeiro da Americanas.

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O mercado de seguros estima que as apólices da gigante do varejo somam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado, trazendo sinistros de proporções inéditas, já que este mercado tem prêmio anual de cerca de R$ 800 milhões.

Se uma gigante como a Americanas passou por uma situação de não conseguir honrar seus compromissos, outros varejistas também podem ter o mesmo problema e, por isso,  começaram a avaliar fornecedores, que resolveram buscar o seguro de crédito.

Só a Coface (Companhia Francesa de Seguros de Crédito e Comércio Exterior), líder mundial no segmento, registrou expansão de 30% na demanda por seguros de crédito nos primeiros três meses deste ano em relação a igual período de 2022, segundo dados obtidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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Além dos impactos da crise das Americanas, a combinação de variáveis adversas ao bom funcionamento do mercado crédito, como inflação e juros altos, desemprego e escalada da inadimplência contribuíram para o aumento da procura.

De acordo com Kajan, diante do cenário criado com o sinistro das Americanas, as seguradoras estão reprecificando o risco ficando mais criteriosas nos processos de subscrição de novas demandas.

“A  análise tem sido, via de regra, muito mais rigorosa por causa alta sinistralidade, que comprometeu as linhas e limites concedidos ao mercado local e pela dificuldade financeira que boa parte das empresas estão demonstrando em seus balanços [alavancagem, prejuízos ou redução do lucro]”, comenta.

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Custo

O valor do seguro de crédito depende de variáveis como o risco e o limite de crédito. Na média, conforme  explica Felippe Astrachan, o preço varia de R$ 15 mil a R$ 80 mil ao ano, sendo que a indenização máxima sai de R$ 300 mil podendo chegar a R$ 2 milhões no período de um ano.

Cobertura

O seguro de crédito oferece proteção contra o risco de não pagamento por motivo de insolvência ou falência dos seus devedores. Indeniza o segurado pelo valor das faturas de bens e serviços adquiridos e não pagos.

“Além de envolver a cobertura de seguro, fazemos também o gerenciamento de risco estabelecendo o limite certo, o monitoramento, a cobrança e a recuperação da franquia do segurado”, diz o executivo.

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Ilan Kajan concorda que este seguro “não somente mitiga o risco de vendas a prazo, como também ajuda as empresas a expandirem suas políticas de venda com o suporte do mercado segurador”.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.