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Segurança financeira preocupa brasileiro; seguro saúde lidera interesse, diz pesquisa

Levantamento do Datafolha encomendado pela Planejar mostra que maioria prefere pagar valores menores e recorrentes para proteção; quem tem seguro demonstra maior preparo para emergências

Vitor Oliveira

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A maioria da população brasileira enfrenta problemas com relação ao dinheiro: 39% dizem que pagam as contas, mas não conseguem fazer sobrar e 19% afirmam que nem sempre conseguem pagar todas as contas do mês. 

É o que mostra a pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (4), encomendada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro). 

O levantamento ouviu 2.000 pessoas das classes A, B e C, com 18 anos ou mais e com acesso à internet, em todas as regiões do país, entre 16 e 29 de julho de 2025. A margem de erro máxima do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Perfil da amostra do levantamento “O planejamento financeiro do brasileiro: da consciência à prática”. (Fonte: Planejar)

“Planejamento financeiro é um tema complexo, porque o próprio conceito não é claro para todos. Há quem acredite que faz, mas, na prática, não cumpre os requisitos de um planejamento completo. E há quem cumpra os parâmetros reconhecidos de uma boa organização financeira, embora não se considere planejado”, afirma Ana Leoni, CEO da Planejar. 

No painel “O planejamento financeiro do brasileiro: quem é o nosso cliente?”, durante o Congresso Internacional Planejar, em São Paulo (SP), onde a pesquisa foi divulgada, o psicólogo e coapresentador do podcast Naruhodo!, Altay de Souza afirmou que muitas pessoas sabem o que deveriam fazer para mudar, mas têm dificuldade em transformar isso em ações diárias.

“No cotidiano, usamos ‘decidir’ e ‘escolher’ como sinônimos, mas são conceitos diferentes. Decidir é olhar para o futuro, planejar o que será feito. Escolher é observar o passado, agir sobre o que já ocorreu. Decidir é o que gostaríamos, enquanto escolha é o que conseguimos fazer”, disse. 

Painel “O planejamento financeiro do brasileiro: quem é o nosso cliente?”, durante o Congresso Internacional Planejar em São Paulo. Da direita para a esquerda: Ana Leoni, Felipe Paiva e Altay de Souza.

Segundo Souza, a mudança começa pelos pequenos comportamentos e não apenas pelo pensamento ou planejamento. “A voz interna muitas vezes desencoraja os esforços, mas focar no cotidiano é fundamental para transformar a vida.”

“Ganhos financeiros fazem mais diferença para quem tem pouco, e perdas são sentidas de forma intensa quando o valor é pequeno.”

— Altay de Souza, psicólogo e coapresentador do podcast Naruhodo!

Em busca de proteção 

A maioria da população está na busca por segurança para imprevistos, segundo a pesquisa. 

Quando questionados se preferem pagar um valor menor e recorrente por um seguro ou gastar uma quantia maior de uma vez caso ocorra um imprevisto, 58% optam pela primeira opção — só 22% preferem gastar de uma vez caso seja necessário.

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Leia mais: 43% dos brasileiros não têm reserva para imprevistos, mostra Datafolha

Pessoas que possuem algum tipo de seguro também são mais propensas a criar reservas para emergências: 91% pensam no assunto e 68% já iniciaram uma poupança para essa finalidade.

A maioria (53%) se sente confiante ou muito confiante para isso, um nível de convicção bem maior do que entre os que não possuem nenhum tipo de seguro (34%).

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Os seguros também são bem compreendidos pelos brasileiros. Apenas 11% não os entendem.  

Planejamento sucessório

Quanto aos planos de partilha de bens para os futuros herdeiros em caso de morte, a pesquisa Datafolha demonstrou a convivência de dois cenários opostos: de presença e ausência de planejamento sucessório.

Do total de entrevistados, quatro em cada dez (42%) afirmaram que seus parentes saberiam acessar seus bens, depois que elas morressem. Ao mesmo tempo, três em cada dez (32%) disseram nunca ter pensado sobre o assunto.

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Embora 57% afirmem que já pensaram sobre o assunto ou pretendem se organizar nesse sentido, apenas 7% possuem testamento ou algum plano formal de distribuição.

Leia também: O que bilionários fazem para evitar brigas na sucessão?

Custo de inventário

Para analisar se os custos com inventários e outras despesas sucessórias estão no radar dos brasileiros, a pesquisa avaliou três tópicos: 

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Leia mais: Inventário é só para ricos? Saiba quanto custa e como se preparar

As respostas demonstram que 16% dos brasileiros já tiveram que arcar com custos de inventário e 9% tomaram providências para garantir recursos para esse tipo de despesa — a maioria na classe A.

Um terço afirma que procuraria investimentos que não passem por inventário para serem transferidos a seus herdeiros (principalmente nas classes A e B), embora a maior parte da amostra total (42%) não tenha sabido opinar sobre o tópico.

“Temos um grande potencial para atrair essas pessoas para o mercado financeiro, para que façam o movimento certo e assumam o papel adequado como investidores”, afirmou Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes, educação e pessoa física da B3. 

Leia mais: Envelhecer bem, gastar mal: disparidade financeira cresce entre gerações no país

Paiva afirmou que houve mudanças comportamentais importantes, como o fim do “mito da poupança”, com instituições financeiras adaptando os produtos para facilitar o investimento de forma simples e com maior comodidade.

“As instituições financeiras adaptaram os produtos para oferecer a maior comodidade possível, de forma simples, sem complicar com detalhes como prazos ou se o título é pré ou pós-fixado. No entanto, percebemos que a maioria dos brasileiros na pesquisa não se considera investidora, mesmo tendo recursos”, disse.

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