Alimento: redução de desperdício acabará com a fome de 9 mi até 2050

"Não dá para continuar sem um novo modelo de produção e consumo que seja sustentável", diz presidente do WWI. Veja dicas!

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SÃO PAULO – Conforme projeções para 2050, apenas com a redução do desperdício de alimentos será possível dar comida às mais de 9 milhões de pessoas que passam fome hoje no mundo. Os dados fazem parte do relatório “Estado do Mundo 2011 – Inovações que Nutrem o Planeta”, que foi lançado na última quarta-feira (19) pelo Instituto Akatu e o WWI-Brasil (Worldwatch Institute).

“Nesse sentido, o Akatu vem trabalhando pela redução do desperdício de alimentos por meio da sensibilização, conscientização e mobilização do consumidor para que ele compreenda os impactos do desperdício de alimentos e se perceba capaz de contribuir, de fato, para a solução do problema”, afirmou o diretor-presidente da entidade, Helio Mattar.

O presidente do WWI, Eduardo Athayde, também alerta sobre os problemas do desperdício. “Somos 7 bilhões de pessoas. Um em cada sete de nós acorda pela manhã e não sabe o que comer. Sequer, se vai comer”, alerta. “Enquanto isso, especialistas discutem como produzir mais”.

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E ele ainda acrescenta: “Não podemos mais continuar crescendo em um planeta que é finito sem a readaptação dos diferentes setores, sem um novo modelo de produção e consumo que seja sustentável”.

Agricultura está em apuros
De acordo com o documento, as atividades agrícolas são responsáveis por 70% do uso da água do planeta e respondem por 75% das emissões de gases de efeito estufa nos países pobres, onde falta tecnologia. Além disso, enquanto 925 milhões de pessoas (cinco vezes a população inteira do Brasil) ainda passam fome, há desperdício de um terço dos alimentos produzidos globalmente. “Reduzir as perdas certamente é uma grande oportunidade para os problemas apresentados pelo relatório”, reitera Mattar.

Assim, o relatório aponta que os desafios e incertezas a serem enfrentados exigem uma mudança de paradigma, considerando a complexidade de “agri” e “cultura”, a intersecção confusa entre lavoura e sistemas humanos, sociais e políticos. “A atividade agrícola sustentável requer muito conhecimento, pesquisa e a combinação de inovações com a experiência dos agricultores”, recomenda o documento.

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África: perda de valor agregado
O relatório ainda destaca que um em cada quatro humanos que sente fome no mundo vive na África. E a contradição reside no fato de o continente ter perdido valor agregado na agropecuária nos últimos 40 anos, enquanto o planeta teve um ganho médio de 35%.

Para se ter uma ideia, estima-se que 8 milhões de agricultores africanos irriguem suas plantações utilizando balde com água. Porém, se a atividade se desenvolver por lá, os trabalhadores poderão se fixar nas plantações e retirar da atmosfera 50 bilhões de toneladas dos gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global.

Outro destaque do relatório refere-se ao problema das perdas pós-colheita nos países pobres e em desenvolvimento: a perda de alguns produtos chega a 50% do volume da produção. Na média de calorias, então, o valor perdido supera o que chega à mesa.

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Veja dicas para evitar o desperdício!
Preocupado com a quantidade de alimentos que são desperdiçados, o Instituto Akatu separou algumas dicas para os consumidores evitarem mandar comida para o lixo:

Sobre o documento
Há 28 anos consecutivos o relatório “Estado do Mundo” é realizado em 30 idiomas, pela equipe de pesquisadores do WWI, sediado em Washington, nos Estados Unidos. As inovações para manter o homem no meio rural e garantir a sustentabilidade no campo são os temas do relatório deste ano.