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SÃO PAULO – Depois de um 2007 fabuloso, parcerias e aquisições estão na pauta da Cremer (CREM3) para 2008. A companhia, que opera com fabricação e distribuição de produtos médico-hospitalares, irá anunciar até o final do ano a compra de duas empresas do setor, segundo o gerente de Relações com Investidores, Daniel Nozaki Gushi.
“As aquisições que pretendemos fazer são de distribuidores de produtos descartáveis de maior valor agregado”, explica o executivo em entrevista à InfoMoney, salientando os R$ 180 milhões disponíveis em caixa para cumprir esse objetivo.
No ano passado, a Cremer lucrou R$ 39,5 milhões, excluídos itens não recorrentes, um crescimento de 80,3% ante 2006. Gushi comentou o balanço trimestral e também falou sobre o desempenho acionário na Bovespa, desde o IPO (Oferta Inicial de Ações) em abril de 2007. Confira a entrevista:
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InfoMoney – A Cremer reportou sólidos resultados operacionais referentes ao ano passado. Qual o principal destaque do balanço?
Daniel Nozaki Gushi – Durante o ano de 2007, conseguimos expandir nossas margens brutas, tanto de produtos de terceiros quanto de produtos fabricados. No primeiro caso, o motivo foi o aumento do volume de compra junto aos fornecedores e a aceleração do crescimento em segmentos de maiores margens, como o Odonto.
E conseguimos expandir a margem bruta de produtos fabricados: diminuindo nossa exposição ao setor público, onde temos menores margens e aumentando nossa produtividade da fábrica, diluindo custos fixos de fabricação.
Em decorrência disso, os principais destaques foram a forte geração de fluxo de caixa e o ROCE (retorno sobre capital empregado). Em 2007, tivemos uma geração de fluxo de caixa operacional de R$ 40,4 milhões, se excluirmos as despesas relacionadas ao IPO, e um ROCE de 38,7%, excluindo excesso de caixa.
“Temos muito espaço para crescer no canal de Odonto” |
IM – Em relação à base de clientes, dentre os canais de “varejo”, “hospital” e “odonto”, qual é o mais promissor?
Gushi – Nossa estratégia de crescimento se baseia em quatro pilares: aumentar a oferta de produtos, para nos tornarmos um distribuidor completo em termos de produtos descartáveis para saúde; realizar vendas cruzadas, ou seja, como temos um grande número de clientes, cada vez mais queremos nos tornar o “one-stop-shop”, fazendo com que nossos clientes comprem tudo o que necessitam de descartáveis para saúde com a Cremer; expandir a base de clientes, especialmente nos canais Odonto e Varejo.
Atendemos em 2007 quase 13.000 odontólogos, num universo de mais de 200.000,
ou seja, aproximadamente 6,0% do total. Portanto, temos muito espaço para crescer
nesse canal. Por fim, queremos explorar canais sub-utilizados, como web-sales para o
canal Odonto e as grandes redes de supermercados.
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IM – À época da divulgação do balanço, a empresa citou “oportunidades de consolidação” no setor. Como a Cremer está posicionada neste sentido? A empresa pretende impulsionar o crescimento via aquisições?
Gushi – Atualmente, nosso mix de produtos contém, majoritariamente, itens que são consumidos em grande quantidade e que possuem baixa diferenciação. Em essência, quase commodities. O segmento que queremos atender num futuro próximo é o de produtos descartáveis de maior valor agregado.
Acreditamos que estes produtos serão cada vez mais consumidos, tendo em vista que a evolução da medicina aponta para procedimentos cada vez menos invasivos: menor risco de infecção, menor tempo de internação, menor risco para o paciente.
“As aquisições que pretendemos fazer são de distribuidores de produtos descartáveis de maior valor agregado” |
Esta tendência leva ao uso de itens descartáveis de maior complexidade e, conseqüentemente, maior valor agregado. Queremos participar ativamente deste mercado. Não pretendemos efetuar aquisições no segmento de manufatura, não é nosso foco.
As aquisições que pretendemos fazer são de distribuidores de produtos descartáveis de maior valor agregado, que detenham contratos de exclusividade para a comercialização dos mesmos, seja numa determinada região ou a nível nacional, que poderão acelerar nosso crescimento.
Contratamos os serviços de duas instituições financeiras focadas em mapear o mercado, visando esse objetivo. Pretendemos realizar duas aquisições neste ano.
IM – Quanto do montante captado no IPO já foi utilizado? Quais os planos para este capital?
Gushi – Levantamos, na distribuição primária do IPO, aproximadamente, R$ 200 milhões. Utilizamos cerca de R$ 60 milhões para pré-pagar uma dívida que tínhamos com o ABN Amro, que ficou cara com o decréscimo da Selic durante o ano de 2007, já que era pré-fixada.
Os R$ 140 milhões restantes se tornaram, ao final de 2007, aproximadamente R$ 180 milhões, devido à forte geração de caixa, e esse dinheiro será utilizado para realizar aquisições.
IM – Quais são as perspectivas para o mercado de produtos para a saúde nos próximos anos?
“Nosso papel chegou a ser negociado acima de R$ 24,00” |
Gushi – O mercado de saúde no Brasil tende a crescer por vários motivos. Em primeiro lugar, a população está envelhecendo; segundo, quando uma pessoa melhora sua condição de vida, uma das primeiras coisas que ela faz é cuidar de sua saúde; e, por fim, o Brasil tem um mercado ainda sub-penetrado, ou seja, gastamos pouco com saúde per capita, se comparado aos países desenvolvidos.
IM – Os papéis da Cremer vêm sendo negociados em um patamar abaixo do que foi precificado no IPO (R$ 17,50). Qual sua percepção sobre o desempenho acionário da Cremer? Existe algum plano para fomentar a liquidez em bolsa?
Gushi – Nosso papel chegou a ser negociado acima de R$ 24,00, mas sofremos muito a partir do meio de agosto com o subprime. Nossa base acionária era de,
aproximadamente, 80% de acionistas estrangeiros, que tiveram que diminuir ou
até “zerar” as suas posições em small caps.
aproximadamente, 80% de acionistas estrangeiros, que tiveram que diminuir ou
até “zerar” as suas posições em small caps.
Também fomos afetados com a saída de nosso CFO, que anunciamos em meados de dezembro de 2007. Como planos de fomentar a liquidez em bolsa, contratamos o Credit Suisse para atuar como formador de mercado, bem como estamos trabalhando para aumentar a cobertura de analistas das nossas ações.