“Pix parcelado” pode substituir cartão de crédito para o consumidor, aponta McKinsey

Parcelamento de compras no Pix ainda não é realidade, mas pagamento em tempo real deve 'canibalizar' modelo de crédito, avalia executivo

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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O “Pix parcelado”, como ganhou popularidade, ou “Pix garantido”, como deve ser o nome oficial do recurso, é a futura possibilidade de utilização do sistema de pagamento instantâneo para parcelar compras e pagamentos, hábito comum entre os brasileiros.

E esse recurso, ainda sem data de lançamento confirmada pelo Banco Central, deve impulsionar a consolidação do Pix como um dos meios de pagamentos mais usados a partir da substituição de outros, como o cartão de crédito, segundo Roberto Nacchace, sócio associado da McKinsey, em apresentação realizada nesta terça-feira (3) no Futurecom, evento do setor de telecomunicações, TI e internet em São Paulo.

“A ideia inicial do Banco Central com o Pix era substituir o dinheiro, ao promover inclusão financeira e digital. Mas o Pix segue crescendo e canibalizando outros métodos. Com o Pix parcelado chegando devemos ver a canibalização de outros pagamentos como o [cartão de] crédito, embora em velocidade menor do que a atual”, avalia o executivo.

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Segundo dados da “Pagamentos no Brasil 2023”, pesquisa realizada com 5 mil entrevistados pela consultoria, 31% dos respondentes afirmam que já usam o Pix no lugar do cartão de crédito.

Veja a lista completa:

Meios de pagamentos  % de entrevistados que, em múltiplas respostas, usam o Pix em vez de:
Dinheiro 66%
Cartão de débito 47%
TED e DOC 44%
Boleto bancário 35%
Cartão de crédito 31%

Por que o Pix substitui outros meios de pagamentos?

Entre os motivos da troca desses meios citados pelo Pix, os entrevistados pontuam:

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“O cartão de crédito ainda é a preferência do brasileiro e dominante na hora das compras, sobretudo por três pontos em conjunto: isenção de anuidade [quando o cartão oferece], benefícios como cashback, milhas e salas VIPs, além de ser uma espécie de colchão para fechar as contas no fim do mês”, diz Nacchace.

O cartão de crédito ser esse “salva-vidas” financeiro para parte dos brasileiros não é exatamente saudável, pelo contrário: os altos juros provenientes do rotativo são hoje um verdadeiro vilão nas contas. Por isso, o Congresso definiu na segunda (2), junto com a aprovação do Projeto de Lei do Desenrola, que essa categoria terá um teto de juros a ser aplicado, mais baixo que o patamar atual, que passa dos 440% ao ano.

A pesquisa também mostra que 38% dos entrevistados concentram todos os gastos em cartões de crédito, muito impulsionados pelos pontos que Nacchace destacou. E uma outra tendência observada nos dados da consultoria é o cliente ter mais de um cartão. A entrada de neobanks e fintechs abriu esse espaço de novos relacionamentos com possibilidade de fazer cartões de crédito de forma rápida, segundo o executivo.

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Uma fatia menor dos respondentes (9%) apontou que usam o Pix em detrimento de outros métodos porque ele é o único meio de pagamento aceito na hora de pagar. “Neste caso provavelmente estamos falando de vendedores ambulantes e microempreeendedores que adotaram o Pix em massa diante da facilidade e o cliente só tem essa opção”, avalia Nacchace.

Segundo o executivo da McKinsey, o TED ainda é muito bem integrado nas estruturas de pagamentos das empresas. “Conforme mais fintechs forem criando softwares, para integrar o Pix em sistemas de empresas, essa cena também vai mudar”.

O uso de TED e DOC para transferências mais altas tende a reduzir com a chegada do Drex. “Transferências de valores para transações de imóveis e carros devem sofrer mudanças, uma vez que o Real Digital vai chegar e facilitar esses processos”, afirma Nacchace.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.