Paris é logo ali: quanto poupar e como investir para ir às Olimpíadas de 2024

Próxima edição dos Jogos, daqui a 3 anos, será na capital francesa. Confira o passo a passo dos planejadores financeiros para ter dinheiro suficiente até lá

Alexandre Rocha

(Organização dos Jogos de Paris 2024/Divulgação)

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“Paris é logo ali!”, repetiram à exaustão narradores e comentaristas de televisão durante as transmissões dos Jogos Olímpicos de Tóquio nas duas últimas semanas. De fato, apenas três anos nos separam da próxima edição na capital francesa, dado o adiamento em um ano das Olimpíadas de 2020 em função da pandemia de Covid-19.

Também por causa da pandemia, o público não pôde comparecer aos estádios nos Jogos do Japão, e quem pensava em ir ficou a ver navios. É razoável deduzir que haverá muita gente ávida para acompanhar as competições na França, se a situação sanitária global estiver normalizada até lá. As Olimpíadas de Paris vão ocorrer de 26 de julho a 11 de agosto de 2024.

Se você é uma dessas pessoas, é bom se programar desde já. O primeiro passo é fazer uma projeção de quanto tudo vai custar: passagens, estadia, alimentação, ingressos, passeios, seguro de viagem, dinheiro para compras, entre outros. É você quem deve definir o que entra nessa conta.

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“Comece a tentar estimar hoje os valores das passagens e hotel, o que você vai querer ver, quantos eventos, e identificar custos de transporte, alimentação, compras e presentes”, diz a planejadora financeira certificada (CFP) Letícia Camargo.

É provável que você não consiga saber agora com certeza os preços de passagens e hotéis em Paris daqui há três anos. O site de reservas da Air France, por exemplo, no momento oferece opções de datas apenas até julho de 2022. Os ingressos ainda não estão à venda, então não dá para saber exatamente quanto vão custar.

No caso das passagens e estadia, a sugestão é fazer simulações em sites de companhias aéreas e de hospedagem utilizando datas mais próximas, mas de alta temporada. “Escolha períodos como férias escolares, verão [no Hemisfério Norte] e virada de ano”, recomentou o planejador financeiro Nélio de Oliveira Costa. É certo que os preços aumentam em épocas de grandes eventos, então selecionar datas de pico dá uma ideia mais aproximada de custo.

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Para os ingressos, uma ideia é pesquisar os valores cobrados em edições anteriores, como Rio 2016 e Londres 2012, ou os preços anunciados para Tóquio antes da pandemia, para ter um patamar de saída.

Quanto poupar?

A Rico Investimentos fez duas simulações de viagens, uma mais econômica e outra mais luxuosa, ambas para seis noites por pessoa, com base numa cotação de R$ 6,10 para o euro.

A mais barata inclui R$ 4 mil para passagem, R$ 3,6 mil para hospedagem, R$ 2 mil em alimentação e transporte e R$ 1 mil em ingressos, num total de R$ 10,6 mil. A mais cara contempla R$ 12 mil em passagens, R$ 11 mil em hospedagem, R$ 5 mil em alimentação e deslocamento, e R$ 1 mil em ingressos, somando R$ 29 mil.

É lógico que tudo isso vai depender de seus desejos – se quer viajar de classe econômica ou executiva, se pretende se hospedar em estabelecimentos mais simples ou luxuosos, se quer provar a alta gastronomia francesa ou se contenta com lanches, quantas competições pensa em assistir e quais passeios imagina fazer. Louvre, Versalhes, subir na Torre Eiffel?

“Eu fiz esta conta para ter os valores como base, como ponto de partida, mas é importante a pessoa se conhecer, seu estilo de vida”, destacou Paula Zogbi, analista de Investimentos da Rico.

Vale lembrar que algumas provas vão ocorrer fora de Paris, e até do outro lado do mundo. As competições de surf, por exemplo, serão realizadas no Taiti, na Polinésia Francesa, elevando a projeção de gastos a outro patamar.

Mais importante ainda é saber se o que você está planejando cabe em seu orçamento. Ao total estimado, adicione uma margem de segurança de 10% a 20% para cobrir eventuais oscilações, e divida o valor final pelo número de meses até a data em que prevê usar o dinheiro. “Sempre é bom fazer um planejamento com bastante folga”, comenta Paula.

Grosso modo, esse será o valor que você terá que guardar todos meses ao longo do tempo – então, avalie. “Será que eu consigo? Preciso de uma renda extra? Ou tenho que adequar? Talvez ficar num hotel de duas estreles ao invés de três, ou ir a menos eventos. Tem que ir balanceando”, observa Letícia.

Na mesma linha, Costa recomenda que a viagem deve se encaixar em seus planos financeiros como um todo, como a compra de um carro ou de um imóvel, sem jamais consumir sua reserva financeira.

“É bom alinhar as expectativas para daqui a três anos. Vai haver rentabilidade [de aplicações financeiras], mas o valor principal é o essencial. O mais importante é guardar dinheiro”, afirmou. Ou seja, sua capacidade de destinar parte da renda mensal para este fim conta mais do que adivinhar qual é o investimento mais vantajoso para fazer.

Paula sugere que o interessado comece a guardar recursos logo que o salário cair na conta, para evitar que o dinheiro seja usado para outros fins. Segundo ela, 50% da renda mensal deve ir para despesas obrigatórias, 30% para gastos variáveis e 20% para investimentos. Neste caso, como o objetivo do investimento é bancar uma viagem de lazer, ele entra na segunda categoria, e não na última.

Onde investir?

Escolher os investimentos adequados é importante. Como é impossível saber qual será a cotação do euro daqui a três anos, uma dica é fazer compras periódicas da moeda ou aplicar em fundos atrelados ao câmbio para garantir o pagamento de um preço médio ao longo deste período, frente às oscilações cambiais.

O valor poupado, desta forma, deve ser suficiente para cobrir pelo menos os gastos que você efetivamente terá lá, como alimentação e transporte. “É bom ter algo para se proteger um pouco do câmbio, fazer hedge cambial. É como o seguro do carro, você torce para não ter que usar”, sugere Letícia.

Se a taxa aumentar, o investidor ganha em reais. Se cair, perde, mas garante a quantia em moeda estrangeira que planejou. “Se o objetivo é o gasto em euros na viagem, mesmo que o real valorize, não importa”, ressaltou Costa. “E a tendência das moedas fortes é de que valorizem com o tempo”.

Paula recomenda que o interessado invista metade do valor em renda fixa pós-fixada com prazo de vencimento de até dois anos, e diversifique a outra metade com outros produtos, como fundos multimercados com pouca volatilidade e cambiais. “Vale uma carteira diversificada”, observa.

Letícia tem recomendação na mesma linha. “Não dá para correr risco com ações”, comentou. E atenção ao prazo de resgate de eventuais títulos. “Não pode deixar para a última hora”, destaca.

A analista da Rico citou o prazo de dois anos porque é preciso desembolsar uma parte do dinheiro antes da viagem – na compra de passagens ou reserva de hotéis, por exemplo. Sua recomendação de investimentos leva em consideração também a segurança, afinal ninguém quer descobrir lá na frente que acabou com menos dinheiro do que o necessário.

Ela ressalta, no entanto, que os investimentos, assim como a projeção de gastos, dependem das preferencias de cada um. Um investidor conservador, por exemplo, pode se assustar com as oscilações de um fundo multimercados, então é recomendável buscar aplicações que se encaixem em seu perfil.

Antecedência se paga

Costa sugere pesquisar periodicamente os preços de passagens e hotéis, com especial atenção a promoções, e ficar de olho na data de início da venda de ingressos. “Você pode conseguir um preço menor ao comprar com antecedência”, disse. Pode também pagar o valor da passagens parcelado em reais com o câmbio “congelado”, ou seja, com a taxa da data da contratação. Compras antecipadas ainda reforçam o comprometimento com a viagem.

Letícia recomenda fazer novas cotações de tempos em tempos para não ter surpresas com aumentos de preços lá na frente. “É importante sempre reavaliar os valores, ver se orçamento continua a fazer sentido. Não adianta cotar hoje e ver só daqui a três anos”, afirma.

Alexandre Rocha

Jornalista colaborador do InfoMoney