Optar pelo crediário na hora das compras tem vantagens e riscos; confira

O famoso "carnezinho" vem deixando de ser a preferência, mas ainda aparece com uma modalidade de crédito utilizada pelo consumidor

Nara Faria

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SÃO PAULO – O brasileiro está deixando de lado o uso do crediário na hora de fazer as compras. Segundo um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, apenas 10% dos consumidores residentes nas capitais brasileiras costumam fazer compras no crediário com alguma frequência, ou seja, realizam pelo menos uma compra nesse tipo de modalidade a cada três meses. Outros 40% dos entrevistados afirmaram fazer até três compras por ano e 50% nem sequer chegaram a utilizar essa modalidade de crédito em algum momento de suas vidas.

Os especialistas do Meu Bolso Feliz explicam que, de modo geral, o crediário é uma forma de financiar as compras em mais parcelas do que um cartão de crédito permite. Isso acontece porque o crediário é um tipo de financiamento que funciona de maneira independente em relação ao banco. “Tem lojas que trabalham com financeira e outras que têm crediário próprio”, explica José Vignoli, educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz.

Mas quando vale e quando não vale a pena utilizar? Veja as vantagens e riscos apontadas pelo especialista sobre essa modalidade de crédito:

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Vantagens do crediário

1 – Juros mais baratos
Em média, os juros cobrados pelo crediário (72,22% ao ano) mais baixos do que no cartão de crédito (238,67% a.a) ou cheque especial (159,76% a.a), de acordo com dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Mas nem por isso, podem ser considerados “baratos”. Dependendo da compra, pode ser vantajoso para o consumidor optar pelo parcelamento no carnê; 

2 – Dividir em mais prestações
Ao comprar no carnê, o consumidor pode dividir o valor da compra em até 48 vezes, na maioria das lojas. Já no cartão, em média, o número de prestações não passa de 12. 

3 – Negociação com o lojista
Mais do que uma forma de pagamento, o famoso “carnezinho” é também sinônimo de relação de confiança. Consumidores que acumulam um bom histórico de pagamento podem conseguir melhores condições de pagamento em compras futuras.

Riscos do crédito

1 – Dividir em muitas prestações
A Facilidade do crédito pode fazer com que o consumidor acumule muitas prestações sem perceber. Para os menos organizados, o impacto no orçamento doméstico com outros compromissos financeiros pode ser bastante negativo. “O consumidor deve evitar fazer mais de três prestações ao mesmo tempo. Quem compromete mais de 30% da renda familiar com prestações acumuladas, sejam elas através de crediário, cartão ou cheque pré-datado, pode sofrer sérios desarranjos no orçamento, caso haja uma situação emergencial.”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marca Kawauti.

2 – Menos praticidade
No carnê, o consumidor tem que voltar à loja para fazer o pagamento todos os meses, o que não é prático em comparação com o cartão de crédito. Além disso, para ter acesso a essa ferramenta o processo é um pouco mais burocrático. As lojas, geralmente, fazem uma análise cadastral do cliente para avaliar se ele possui condições de arcar com o valor do bem.

3 – Juros embutidos
Em alguns casos, os juros costumam vir embutidos no valor a vista, o que torna a identificação por parte do consumidor mais difícil. Caso o consumidor se depare com uma situação em que o preço a vista é idêntico ao preço total parcelado, ele deve negociar com o lojista um desconto no pagamento à vista ou pesquisar melhores condições em outros estabelecimentos.