Vale a pena viajar para a Argentina agora?

O preço das passagens aéreas aumentou, mas esse não é o único fator a ser levado em conta

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Argentina enfrenta mais um capítulo de sua crise. No último domingo (11), a chapa do atual presidente Maurício Macri e Miguel Ángel ficou 15 pontos atrás da de Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas primárias, as prévias das eleições.   

A expectativa de vitória de um candidato populista provocou efeitos nos mercados (o dólar chegou a subir mais de 30% em relação ao peso argentino), nos investimentos, nas empresas. O sinal de alerta para o turismo também foi ligado.  

A Argentina é um dos principais destinos dos brasileiros, pela distância, preços, opções de passeios, semelhanças culturais e de linguagem, entre outros.

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No primeiro trimestre deste ano, o número de visitantes brasileiros na Argentina aumentou 64%, na comparação com o ano passado, segundo informações da Secretaria de Turismo da Argentina. A expectativa até então era que 1,4 milhão de brasileiros fossem para lá até o fim de 2019. 

Mas, agora, com um cenário muito mais incerto, algumas dúvidas podem surgirA pedido do InfoMoney, o Viajalá, buscador de passagens, fez um levantamento com os preços das passagens em 2019.  

Considerando o período entre 1º de janeiro e 31 de julho, o preço médio registrado de passagens de ida e volta foi de R$ 983 saindo de São Paulo para Buenos Aires. Fevereiro foi o mês mais barato, com uma média de preço de R$ 849. E o mês com o valor médio mais alto foi julho com passagens a R$ 1.282.  

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Em agosto, considerando o período até o dia 15, o preço da passagem saindo de São Paulo aumentou quase 10% em relação à média anual até então: R$1.080 

Desde o último domingo (11), quando a queda brusca do peso começou, o preço médio desse trecho subiu para R$1.139, 16% acima da média do ano.  

A passagem realmente vai ficar mais cara? 

Apesar do aumento registrado no mês e especificamente no período pós-primárias, ainda é cedo para mudar de destino ou cancelar a viagem – mas a chance do preço da passagem aumentar existe. Isso porque muitos custos do setor de aviação são atrelados ao dólar, como o combustível do avião.

Não podemos afirmar que esse aumento esteja diretamente ligado à queda do peso argentino. Ainda não temos tempo suficiente desde que a crise se acentuou no último domingo, para confirmarmos qualquer alteração como uma tendência de alta no preço das passagens. Esse aumento pode ser simplesmente um resquício de férias, ou o fato de que agosto ainda é um mês frio, o que atrai mais gente para a capital argentina, elevando o preço médio”, afirma Eduardo Martins, diretor geral do Viajala 

Eduardo Fleury, Líder de Operações do KAYAK no Brasil, defende que o valor não depende apenas da relação peso versus dólar. Existem outros fatores que determinam o preço de uma passagem aérea, e um deles é a oferta de voos: quanto mais voos, mais baratas tendem a ficar as passagens,  segundo ele.

“No Brasil existe hoje uma grande oferta de voos para a Argentina e em breve estará operando aqui a low cost argentina Flybondi, que terá voos nas rotas Buenos Aires – RJ e Buenos Aires – Florianópolis, o que pode contribuir para baratear o custo médio das passagens para lá”, diz.   

Vale lembrar, no entanto, que o serviço das low cost geralmente não inclui bagagem, marcação de assento e refeições, que podem ser comprados à parte.  

Oportunidades com a desvalorização do peso 

Martins explica também que uma notícia como essa atrai os olhares dos turistas que, nesse caso, podem ficar de olho para aproveitar oportunidades na viagem com a desvalorização do peso.  

“É provável que haja um aumento de procura, mas será uma demanda especulativa. Poderemos ver um aumento de busca, mas não necessariamente de compra efetiva”, diz.  

Ainda, ele explica que é possível que haja um efeito manada. “O turista iria comprar a passagem mais para frente, mas acha que o preço vai aumentar e antecipa a compra. Mas ele e todo mundo pensa assim. O excesso de demanda faz os preços subirem. É uma possibilidade. Nem sempre se concretiza, é preciso mais tempo para ter um panorama mais completo”, afirma. 

Preços na Argentina

Passagens aéreas à parte, Fleury explica que a queda do peso torna os preços na Argentina atraentes para brasileiros: apesar de o real estar bastante desvalorizado em relação ao dólar, o peso está ainda mais.  

“O efeito para turistas de outros países cuja moeda tenha desvalorizado menos que o peso argentino é o mesmo: o consumo de atrações, alimentação, hospedagem e quaisquer outros gastos durante a viagem tende a ficar mais barato”, diz o líder de operações do Kayak 

Ele está otimista. Acredita que a Argentina segue sendo uma das melhores opções para quem está com um orçamento mais apertado e ainda assim não quer deixar de viajar para fora, visto que os preços de destinos como EUA e Europa são mais salgados.  

Além disso, é um país que oferece opções turísticas interessantes, estruturadas e muito variadas entre elas – como Buenos Aires, Mendoza e a Patagônia argentina, por exemplo.  

Mas Martins pondera. “Historicamente tem um estigma a ida para a Argentina ser barata por causa do peso, mas nem sempre é assim. O peso está desvalorizado frente ao real, mas o país enfrenta uma inflação muito alta”, explica.

“Assim, quando você chega lá hoje precisa de mais pesos do que precisou em anos passados. É imprevisível. Minha recomendação é ter cautela antes de fazer qualquer compra para lá”, finaliza. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.