Quase metade dos brasileiros gasta água de forma descontrolada

Mais de 60% admite que desperdício de água pode gerar problemas futuros no abastecimento

Fabiana Pimentel

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SÃO PAULO – O desperdício de água tem crescido entre os brasileiros, 48% admitem que usam o recurso natural com pouco controle. Há cinco anos, esse percentual era de 37%.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope a pedido do WWF-Brasil, 68% dos brasileiros reconhece que o desperdício é a principal causa para o problema de abastecimento de água no futuro.

Devagar com o chuveiro
A pesquisa que faz parte do Programa Água para a Vida, realizado em parceira entre o WWF-Brasil e o Grupo HSBC, afirma que os brasileiros conhecem as formas de diminuir o consumo exagerado de água, mas não praticam, tanto que os entrevistados apontaram que diminuir o tempo de banho é a melhor forma de reduzir o consumo.

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Em 2011, 30% dos respondentes disseram que demoram mais de 10 minutos no banho, enquanto em 2006, 18% tiveram a mesma afirmação. Estima-se que em um banho de 10 minutos sejam gastos 100 litros de água.

Sem desperdício
Outras formas apontadas pelos brasileiros como forma de diminuir o gasto exagerado com água são: fechar a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba (47%), consertar vazamentos e torneiras pingando (32%), não lavar a calçada com a mangueira (25%), usar a máquina de lavar sempre com a carga máxima (18%) e aproveitar a água da chuva (11%).

Os entrevistados ainda apontaram que lavar o carro menos vezes e utilizando um balde (10%), aproveitar a água usada da torneira para outros fins (10%), regar o jardim menos vezes ao mês (9%), lavar as louças em uma bacia (7%) e utilizar equipamentos que economizam água (7%), como métodos de economizar o recurso.

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Situação
A pesquisa aponta ainda que 67% dos domicílios pesquisados no país enfrentam algum tipo de falta de água.

No Nordeste, já existe escassez constante do recurso em 29% dos domicílios. Apesar disso, o consumo médio de água diário por habitante no país (185 l) é considerado mediano, próximo do da Comunidade Europeia (200 l), mas muito distante do de regiões secas como o semiárido brasileiro, abaixo de 100 l, e partes da África subsaariana, abaixo de 50 l.

Falta de conhecimento
O levantamento também revelou que os brasileiros conhecem muito pouco sobre o consumo de água no País.

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Para 81% dos respondentes, residências e indústrias são os grandes usuários e apenas 16% avaliam – corretamente – que a agricultura é a grande consumidora de água no Brasil, já que ela é responsável por 70% do uso do insumo e pelo maior gasto sem controle.

Além disso, a indústria é vista como a maior poluidora (77%). Ainda é desconhecido, por exemplo, que a poluição das águas por uso doméstico muitas vezes supera a poluição industrial em grandes centros urbanos. “Esses dados demonstram que a percepção do problema se restringe ao ambiente onde vive a maioria da população do país: as grandes cidades. Não há uma visão integrada com a zona rural, onde estão as principais fontes do recurso, e do caminho que esta percorre até chegar às casas e apartamentos. O problema é visto da torneira para frente e poucos o reconhecem da torneira para trás, explicou a CEO do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.

O levantamento também revelou que 87% das pessoas não conhecem a ANA (Agência Nacional de Águas), órgão regulador do recurso criado pelo governo federal em 2000. “O tema de água doce, seus problemas e oportunidades ainda precisam ser melhor compreendidos pelo cidadão brasileiro. A urbanização crescente nas últimas décadas fez com que mais de 80% da população passasse a morar nas cidades. O descompasso entre o reconhecimento do problema e a tomada de atitudes precisa ser compreendida. A visão sobre a água é limitada, assim como a percepção dos seus problemas”, completa Maria Cecília.

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