SÃO PAULO - Mulher, entre 25 e 30 anos, casada, com filhos, sem emprego. Esse é o perfil dos consumidores que mais contraem dívidas - e não pagam a conta - entre os jovens. E os produtos preferidos - sapatos, roupas e alimentação - são comprados em shopping centers.<br>
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A conclusão é de estudo feito pelo economista Marcos Crivelaro, professor de faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). Após levantamento sobre inadimplência dos jovens (com idade entre 16 e 30 anos), Crivelaro detectou que aproximadamente 35% dos inadimplentes dessa parcela da população possuem as características dispostas acima.
“Essa representatividade é aproximadamente 20% maior dentre os outros perfis”, explicou o economista.
Dificuldade aumentando
De acordo com o levantamento, com o passar dos anos torna-se mais difícil para os jovens pagarem as contas em dia. Em 2006, a inadimplência atingiu 41% dos cerca de 40 milhões de pessoas com idade entre 16 e 30 anos, contra 36% 2005.
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Para se ter uma idéia, em números, são 16,4 milhões de pessoas com seu nome inscrito em serviços de proteção ao crédito. Desses, 1,6 milhão não pretende pagar as contas em 2007.
Aumento
E este ano os números devem aumentar. Conforme o economista, apesar do índice de inadimplência permanecer estável na casa dos 7% em 2007, o calote dessa parcela da população deve atingir até 44%.
Os meios mais utilizados serão cartão de crédito, com 85% do não-pagamento, e os cheques “voadores”, com 15%.
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Justificativa para o comportamento
Mas qual é a justificativa para esse comportamento? Segundo Crivelaro, essa é mais uma questão social do que de controle financeiro. “Principalmente os mais jovenzinhos não conseguem um emprego que pague bem”, explicou. Com isso, eles acabam descontando a insatisfação em compras.
“Eles querem mostrar aos outros que podem ter roupas de marca, sair duas, três vezes durante semana. Mas esses gastos não cabem no orçamento”, adicionou.
Bola de neve
Dessa maneira, a pessoa acaba entrando numa bola de neve. Aceita todos os cartões de crédito que chegam pelo correio para conseguir manter o giro de dinheiro.
Com isso, acaba atrasando parcelas e se afundando em dívidas. “É sempre bom lembrar que o total mensal da renda líquida comprometido com o parcelamento não pode passar de 30%”, frisou, afirmando que o jovem não se preocupa com isso.
“E eles acabam só pagando juros. É difícil ver um jovem pedir orientação sobre aplicação financeira. Mas para arrumar as contas é muito comum”, adicionou.
Cadastro de inadimplentes
No final, resta o nome nos serviços de proteção ao crédito. E quem pensa que a tal inscrição não pode gerar danos muito grandes se engana.
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“Muitas empresas analisam esse detalhe antes de realizar uma contratação. Com isso, fica mais difícil do jovem ou arrumar um emprego ou conseguir um que pague melhor, o que faz com que seja mais difícil que ele ordene seu orçamento”, opinou.