MPF investiga iFood por suspeita de financiar campanha contra demandas dos entregadores

Empresa financiou secretamente campanhas de marketing contra reivindicações de entregadores do aplicativo, segundo reportagem da Agência Pública

Estadão Conteúdo

(Shutterstock)

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O MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo abriu na segunda-feira (18) uma investigação preliminar para apurar denúncias contra o aplicativo de delivery iFood, que é acusado de financiar secretamente campanhas de marketing contra as reivindicações de entregadores do aplicativo por melhores condições de trabalho.

O despacho da apuração foi assinado pelo procurador Yuri Corrêa Luz, a partir de reportagem da Agência Pública de Jornalismo Investigativo, que apresentou indícios de ação orquestrada pela empresa. Procurado pelo InfoMoney, o iFood afirmou que “segue à disposição do órgão para prestar os esclarecimentos devidos”.

O procurador determinou de imediato que os representantes do iFood e das empresas QI Marketing e Benjamin Comunicação — contratadas para gerir a campanha de desmobilização dos entregadores — apresentem em até 15 dias suas versões sobre as informações trazidas pela reportagem. Determinou também que cópias de documentos sobre o suposto contrato firmado entre as investigadas sejam apresentadas.

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A investigação foi aberta após representação do Grupo de Trabalho de Direito Humanos e Empresas da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão em São Paulo, que apontou a possibilidade de o iFood e as empresas contratadas terem “praticado condutas que violariam direitos humanos de trabalhadores, assim como direitos à informação, à verdade, à liberdade de associação, de reunião e de manifestação e à liberdade de gozar de condições justas de trabalho”.

Desmobilização dos entregadores

No despacho, Yuri Luz afirmou que a análise dos fatos apresentados pela reportagem da Agência Pública permite verificar, a princípio, que o iFood “teria contratado empresas de publicidade para se infiltrarem, de diferentes modos, em movimentos sociais dos entregadores do aplicativo”. Segundo o procurador, a atuação estaria focada em uma espécie de “contra-propaganda” para desmobilizar as reivindicações dos entregadores cadastrados na plataforma.

O procurador responsável pelo caso avaliou na decisão que as estratégias utilizadas pelas empresas contratadas pelo iFood podem ter afetado direitos trabalhistas dos entregadores, como a possibilidade de organizarem greves e reivindicarem melhores remunerações. O relator da investigação preliminar cita ainda a possibilidade de a campanha ter afetado “a compreensão do público geral a respeito do que era demandado pelos entregadores”.

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“A se confirmarem tais notícias, esse conjunto de estratégias pode, assim, ter tido impacto também sobre a percepção de todos os usuários desta plataforma a respeito dos temas debatidos pelos entregadores, e em especial daqueles usuários que consomem os serviços prestados pelo iFood”, afirmou o procurador.