Lembrando do Sars, Société Générale traça possíveis decorrências da gripe suína

Banco faz paralelo com vírus asiático de 2003 e prevê declínio em todas variáveis da demanda agregada; consumo em xeque

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SÃO PAULO – “Os relatos atuais que temos são de 1.614 casos da doença, com 103 mortes (22 já confirmadas) e ainda com aproximadamente 400 pacientes enfermos no hospital”, afirmou José Angel Cordova, ministro da Saúde do México, ao atualizar as estimativas sobre a gripe suína corrente no país.

Na mesma esteira, o vizinho EUA já confirmou vinte casos da doença, enquanto o Canadá revelou sete. Além disso, foi noticiado nesta segunda-feira (27) o primeiro caso na Europa, ocorrido na Espanha. Conforme Trinidad Jiménez, ministra da saúde do país, um paciente na cidade de Almasa mostrou diagnóstico positivo para a gripe suína.

Demanda agregada em xeque

Em meio a este cenário, o Société Générale divulgou relatório sobre o tema, no qual prevê as possíveis consequências desta enfermidade para a economia global, utilizando o paralelo com o vírus Sars (Severe Acute Respiratory Syndrome), datado de 2003, como ferramenta para traçar as perspectivas.

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“A confiança do consumidor declinou dramaticamente em inúmeras economias, o que levou a uma redução significativa nos dispêndios de consumo privado”, afirmaram os analistas do banco francês, ao ressaltarem o aumento da propensão dos indivíduos de permanecerem em casa, a fim de reduzir o risco de contaminação.

Já não bastasse o enfraquecimento interno, a instituição financeira observa que o setor de serviços voltados à exportação, “em particular aqueles relacionados ao turismo”, foram também afetados pelo vírus. Para evidenciar a importância do turismo, vale ressaltar que ele é responsável por 9 % do PIB (Produto Interno Bruto) na Ásia Oriental e 11% no sudeste asiático.

Com a deterioração dos componentes da demanda agregada, o Société Générale enxerga que o nível de investimento no país se reduz, tanto pelas incertezas crescentes quanto pelos riscos de que o consumo não se recuperará. “O investimento estrangeiro também pode ser postergado ou reduzido”, completa, ao listar uma possível reação à pandemia.

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Evita-se contato

Dentre os setores que podem ser mais afetados pela gripe suína, o banco francês destaca que serviços nos quais o contato pessoal se faz presente são os que mais se contraem. “Turismo, transportes (particularmente aéreas), e varejistas são os segmentos que mais são afetados”, completam os analistas, na crença de que as famílias cancelam viagens e reduzem o consumo com medo de se infectarem.

Por fim, vale ressaltar que o governo brasileiro afirmou que descarta possíveis evidências da doença no País. Apesar da Secretaria de Saúde de São Paulo notificar o governo federal sobre a suspeita de que dois turistas teriam contraído a gripe suína durante viagem ao México, o Ministério da Saúde reiterou que análises iniciais indicam que os sintomas não se correlacionam com a enfermidade.

Entenda a doença

A gripe suína é uma doença respiratória provocada pelo vírus influenza A, denominado H1N1. Transmitido no contato entre pessoas, a enfermidade detém sintomas semelhantes aos de uma gripe comum: febre superior a 39ºC, tosse constante, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal. Contudo, os vômitos e as diarréias são mais severos.