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IR 2024: para onde vai e para que serve dinheiro pago pelos contribuintes?

Todo o valor pago de IR, embora recebido pela Receita, é dividido entre União, Estados e Municípios

Giovanna Sutto

Ilustração (Pollyana Ventura/Getty Images)

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Todo ano o contribuinte sabe que um compromisso lhe espera: o envio da declaração de Imposto de Renda. O período da entrega é atribulado: precisa unir documentos, aquela pilha de dúvidas surge, vem as novidades da declaração e precisa se organizar para conseguir entregar no prazo – que neste ano é entre 15 de março e 31 de maio. Em alguns casos, o contribuinte precisa ainda fazer o pagamento do imposto devido. Mas, afinal, para onde vai o dinheiro que o governo arrecada com o IR?

Primeiro é importante entender que o Imposto de Renda assume muitas formas. Não engloba apenas o valor que deve ser pago após o preenchimento da declaração de IR, mas também o valor retido na fonte quando recebemos o salário, ou o imposto que devemos pagar em algumas operações do mercado de capitais ou venda de imóveis, o chamado ganho de capital, acrescenta Leandro Genaro, sócio tributarista do Santos Neto Advogados.

Em relação à arrecadação, Luiza Lyra, advogada tributarista do CSA Advogados, explica que segundo o artigo 159 da Constituição Federal, o Imposto de Renda é um dos tributos sujeitos à repartição de receitas, isto é, cujos valores arrecadados são repartidos com os demais entes da federação.

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Assim, todo o valor pago de Imposto de Renda, embora recebido inicialmente pela Receita Federal, é dividido entre União, Estados e Municípios:

• 50% para a União
• 21,5% para os Estados
• 25,5% para os Municípios
• 3% para programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Segundo Genaro, a divisão de valores é realizada a cada dez dias pela Secretaria do Tesouro Nacional, com informações registradas pela Receita Federal do Brasil no SIAFI (“Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal”).

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“O dinheiro dividido com os Estados e Municípios é repassado por meio do Fundo de Participação dos Estados e Fundo de Participação dos Municípios, que possuem regra própria para sua divisão (por exemplo, no caso de Municípios, há uma divisão entre capitais e demais municípios, e também conforme a população de cada cidade)”, explica Genaro.

Exceção

Existe uma exceção para essa regra, que permite ao cidadão destinar até 6% do imposto devido em sua Declaração anual a um fundo de sua preferência.

Essa opção pode ser feita por todos que realizam a declaração completa do Imposto de Renda, na própria declaração (campo “Doações Diretamente na Declaração”). Os fundos estão cadastrados na Receita Federal, e tem como destino proteção à criança, adolescente e idoso, incentivo à cultura ou produção audiovisual, ou atividades desportivas.

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Para que o dinheiro do IR é usado?

Luiza Lyra explica que os entes da federação não possuem, por força legal, destinação específica ao valor arrecadado a título de imposto de renda. “Porém, a ideia central da arrecadação é o custeio das atividades essenciais ao funcionamento da sociedade. Em dados divulgados pelo Ministério da Fazenda, há destinação específica à educação, saúde pública, segurança, inclusão social, incentivo ao esporte, meio ambiente, geração de empregos, dentre outras políticas públicas”, diz.

Por que a receita cobra imposto do cidadão?

O Imposto de Renda é previsto na própria Constituição Federal. Os especialistas explicam que, no Brasil, assim como a grande maioria dos países do mundo, os impostos representam a maior fonte de arrecadação do Governo.

“Seu principal objetivo é justamente auxiliar na manutenção da máquina pública e das políticas sociais, por meio da determinação de alíquotas progressivas conforme os rendimentos, ou seja, aplicando-se a ideia de que quem ganha mais, paga mais – o chamado princípio da capacidade contributiva”, afirma Lyra.

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Confira a tabela progressiva válida para este o IR24:

Base de Cálculo (RS)Alíquota (%)Parcela a Deduzir do IR (R$)
Até 2.112,00 zerozero
De 2.112,01 até 2.826,657,5158,40
De 2.826,66 até 3.751,0515370,40
De 3.751,06 até 4.664,6822,5651,73
Acima de 4.664,6827,5884,96
Fonte: Receita Federal

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.