Fintech atende quem não consegue crédito no banco com até R$ 500 e carteira digital

Jeitto tem carteira digital com foco nas classes C e D e nos desbancarizados 

Giovanna Sutto

Publicidade

SÃO PAULO – As fintechs já conquistaram um espaço no mercado. A ideia de que os bancos não suprem mais as necessidades dos consumidores, com taxas altas e má experiência para o usuário, está consolidada entre parcelas da população.

Entre as classes C e D, porém, as opções ainda são escassas. Para atender uma população com renda entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, surgiu o Jeitto. “Muitas pessoas que estão dentro do nosso público têm conta, mas com uso restrito, tarifas caras e que não facilita o dia a dia”, explica o cofundador da empresa, Fernando Silva, ao InfoMoney

Pode-se assumir que a empresa oferece o equivalente a um cartão de crédito sem o plástico. São dois serviços: a linha de crédito e a carteira digital. A primeira varia entre R$ 30 e R$ 500, no máximo. O valor é baixo porque os fundadores querem evitar o superendividamento do seu público alvo.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“O aplicativo foi criado pensando em oferecer pouco dinheiro, em um prazo curto de tempo”, diz o empreendedor. Para ele, o problema das grandes instituições é que elas “superendividam as pessoas”.

“As pessoas chegam precisando de um empréstimo de R$ 600 para fechar o mês no azul e saem do banco com um empréstimo de R$ 2 mil. Depois usam o que precisavam e se endividam com o resto sem necessidade alguma”, explica Silva.

Com acesso à carteira digital, o usuário pode transferir dinheiro para o app e pagar contas de água, luz, gás, telefone e internet, além de fazer recargas para o celular e administrar a vida financeira virtualmente. É possível também usar o dinheiro que está no aplicativo para pagar uma gama limitada de apps de serviços, como Uber e Deezer. A empresa pretende fechar mais parcerias em breve. 

Continua depois da publicidade

Após o pagamento, ao fim do mês os clientes recebem uma fatura igual à de um cartão com o valor usado no mês e pode pagar no próprio app ou por outro banco.  

O fundador está animado com o resultado até o momento. Hoje a empresa conta com “40 mil clientes aptos”, que têm o app e estão liberados para usar a linha de crédito. A receita em 2018 foi de R$ 700 mil, e a expectativa para este ano é quintuplicar esse valor, chegando em R$ 3,5 milhões. 

Para começar a usar o app, o usuário precisa preencher um cadastro bem simples que exige apenas CPF e telefone. Após preenchê-lo a pessoa saberá se teve um limite de crédito aprovado ou não em poucos minutos. Se aprovada, terá um limite inicial que poderá aumentar conforme se utiliza a plataforma. 

O aplicativo está disponível apenas para Android no momento, mas a intenção é oferecer também para iOS. 

Desafios 

Segundo Carlos Barros, cofundador empresa, o maior desafio foi, e ainda é, ser simples. “Dado nosso público, tínhamos que apresentar um aplicativo fácil de mexer. Intuitivo, de linguagem clara e simples. Mas para conseguir colocar isso em prática é bem complexo”, explica.

Tudo começa com o cadastro. “Para conseguirmos chegar nesse nível de facilidade para o usuário no cadastro, ou seja, para ser simples para fora, tivemos que criar um sistema bem complexo para dentro do app – um conjunto de algoritmos e sistema funcionando para termos as informações necessárias”, afirma o executivo. 

O negócio é monetizado com a parte de crédito. Em cada transação feita pelo usuário é cobrada uma taxa proporcional ao valor gasto, que aparece na hora na tela.

“Atingir uma população underserved – que é a pessoa que não é atendida seja por falta de conveniência, seja por falta de dinheiro -, exige um nível de complexidade. O mercado não atendia essa camada da população por diversos motivos, incluindo o esforço para um baixo baixo retorno. Mas também por falta de dados. Ficamos dois anos estudando, garimpando os dados e pensando em soluções que atendessem especificamente o nosso público”, afirma Adriano Duarte, CEO da empresa.

Segundo Duarte, a empresa desenvolveu uma inteligência que mais foca em predizer a capacidade de pagar do usuário do que propriamente fazer uma avaliação dele antes de ter acesso ao app.

“Para isso fizemos um trabalho muito pesado em fraude e modelagem de crédito baseada no uso de celular, na conectividade que se tem hoje. Hoje o Brasil tem 90% da população com smartphones, mas não necessariamente essas pessoas estão digitalmente incluídas nos serviços financeiros, ou fazem transações via celular”, diz Duarte, que não deu detalhes de como a tecnologia por trás do app funciona. 

A partir disso, o executivo explica que tinha uma jornada a ser cumprida: aproveitar veículo de fácil acesso (mobile), chegar de forma clara para a população explicando quem é o Jeitto, oferecer uma solução que atenda uma necessidade pontual das pessoas em crédito, mas também ser uma solução que viesse com uma conveniência que a mantivesse na plataforma. “E assim chegamos no Jeitto como é hoje”, explica o CEO.

Segundo Silva, a empresa tem um espaço de atuação enorme no Brasil. Hoje nosso nicho tem cerca de 55 a 60 milhões de pessoas consideradas underserved.

Mas também á uma frente de pessoas bancarizadas que usam o app para administrar as finanças com a carteira digital, segundo Duarte. Assim, apesar da ideia inicial ser atender as classes C e D, hoje a empresa consegue atingir mais pessoas também. 

Invista seu dinheiro com segurança. Abra uma conta na XP – é de graça.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.