EY: 49% dos brasileiros precisaram buscar recursos financeiros extras na pandemia

Empréstimos e trabalhos temporários são destaques entre as alternativas para conseguir mais dinheiro

Giovanna Sutto

Casal calcula as despesas de casa

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SÃO PAULO – Diante da continuidade da pandemia no país, com a taxa de desemprego alcançando 14,7% no primeiro trimestre – a maior desde 2012 – as pessoas estão buscando alternativas para manterem as contas e a vida financeira em dia de alguma maneira.

Pelo menos é isso o que mostra a pesquisa mais recente da EY, que presta serviços de auditoria, consultoria, impostos, estratégia e transações: 49% dos entrevistados afirmaram que buscaram recursos financeiros extras em meio à pandemia.

A pesquisa, chamada “Crédito PF – Impactos da Covid-19 no Endividamento das Pessoas Físicas”, foi divulgada nesta semana, mas realizada no segundo semestre de 2020 com 2 mil brasileiros para entender os impactos da Covid-19 no endividamento das pessoas físicas.

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“Se antes da pandemia as pessoas já tinham que lidar com dívidas específicas, mas ainda assim com algum controle, na medida do possível, a pandemia mudou todo o cenário, levando muitos a aumentar seu grau de endividamento por um prazo maior e indeterminado”, explica Rui Cabral, sócio líder de risco e finanças para o setor financeiro da EY Brasil.

Entre os entrevistados, 14% buscaram fontes adicionais de recursos por meio de empréstimos e 2% informaram que precisaram buscar recursos extras, mas sem informar qual utilizaram.

Desse total (14%) que buscou empréstimos, 7% recorreu à família e aos amigos. Segundo Cabral, esse resultado mostra, proporcionalmente à amostra da pesquisa, que a informalidade no Brasil representa uma oportunidade para o setor financeiro: ainda há potenciais clientes desbancarizados para as fintechs e bancos capturarem.

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Ainda os outros 7% dos entrevistados afirmam que buscaram empréstimos direto com instituições financeiras. A preferência para 78% das pessoas desse grupo foi por bancos tradicionais, enquanto a procura por bancos digitais e fintechs, representou 15% na pesquisa.

Entre os motivos para a escolha de bancos tradicionais está a faixa etária e renda. Ao olhar esses recortes, é possível observar que pessoas de 39 anos para cima e de renda média, ao precisar de empréstimo foram em busca do banco tradicional. Geralmente, os clientes de faixas etárias superiores tendem a manter um relacionamento, que já vem se longo prazo com os bancos e uma dificuldade maior em adotar novas tecnologias e serviços quando se trata de dinheiro, explica Cabral.

Para esse grupo, a avaliação para 33% foi de que o processo para a tomada de crédito ficou menos burocrático do que o observado em momentos pré-pandemia.

Por outro lado, os jovens de 18 a 29 anos, procuraram, em sua maioria, fintechs, bem como pessoas entre 30 e 49 anos de alta renda. Ainda, o atrativo das fintechs e dos bancos digitais foram os prazos mais flexíveis de pagamento para 31% dos entrevistados que utilizaram os serviços dessas instituições, além das taxas de juros menores para outros 19% – na comparação com momentos pré-pandemia.

Segunda fonte de renda

Considerando todas as pessoas que buscaram recursos financeiros extras (49%), uma outra fatia de 33% afirmou que exerceu algum tipo de serviço temporário diante da necessidade de dinheiro em meio à pandemia. O estudo não detalha que tipos de trabalhos foram feitos.

De fato, de acordo com a Associação Brasileira de Trabalho Temporário, o número de admissões realizadas por meio da modalidade chegou a mais de 2 milhões em 2020, um aumento de 34,8% em relação a 2019.

“Diante da crise, foi uma alternativa ao desemprego para muitas pessoas. Em termos de contratação, entre os setores que mais contrataram trabalhadores temporários estão a produção de alimentos, fabricação de eletrodomésticos, serviços da tecnologia da informação e segurança, e agronegócio. Foram segmentos que se beneficiaram com a pandemia e precisaram de mais mão-de-obra ainda mais naquele momento do segundo semestre após atravessarmos uma primeira fase mais aguda da pandemia”, destaca Lucas Souza, mestre em economia aplicada pela USP.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.