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SÃO PAULO – A exclusão social no Brasil aumentou entre 1980 e 2000, em decorrência, sobretudo, do aumento da violência e do desemprego. Pelo menos é isto que sugere um estudo elaborado por uma equipe de pesquisadores da USP, Unicamp e PUC-SP, sob a coordenação do secretário do trabalho de São Paulo, Márcio Pochmann.
Os dados do estudo estão incluídos no Atlas da Exclusão Social no Brasil, volume 2, que será lançado oficialmente nesta quinta-feira na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.
Situação piorou nos últimos 20 anos
A principal constatação do estudo é de que após vinte anos de melhora, entre 1960 e 1980, o índice de exclusão social no país voltou a crescer nas duas últimas décadas.
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Enquanto na década de 60 cerca de 49,3% dos 69,7 milhões de brasileiros podiam ser considerados excluídos, no início da década de 80 este percentual caiu para 42,6% em um total de 120 milhões de brasileiros. Contudo, durante os últimos 20 anos o percentual de excluídos teria voltado a subir para 47,3% de um total de 170 milhões de brasileiros.
Situação é mais grave no Maranhão
Para construir o índice de exclusão social os pesquisadores levaram em consideração sete variáveis: pobreza, emprego, escolaridade, analfabetismo, desigualdade, juventude e homicídio.
Os pesquisadores se basearam de maneira geral nos dados do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas no caso de homicídios usaram dados do SUS (Sistema Único de Saúde).
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De acordo com os dados divulgados nos cinco estados onde a exclusão social é mais alta no país, o percentual de excluídos supera 70% da população. O maior índice de exclusão foi encontrado no Maranhão, onde 80,3% da população podem ser considerados excluídos. Em seguida vieram Alagoas (78%), Piauí (75,3%), Pernambuco (74,3%) e Ceará (71,1%).
O grau de exclusão é bem menor nos estados da região Sul e Sudeste do país. Dentre os estados destas duas regiões somente o Espírito Santo obteve um índice de exclusão (49,5%) ligeiramente acima da média nacional (47,3%). O menor grau de exclusão foi encontrado no Distrito Federal onde apenas 15% da população são excluídos, em seguida vieram Santa Catarina (26,1%), Rio Grande do Sul (29,1%), São Paulo (30%) e Rio de Janeiro (35,1%).
Exclusão só cairá quando país voltar a crescer
Pochmann lembra que existem dois tipos de exclusão social, a antiga e a nova. A antiga estaria associada à baixa escolaridade, famílias numerosas e de migrantes, já a nova exclusão estaria relacionada ao surgimento dos grandes centros urbanos, com famílias menores e de maior grau de escolaridade mas que sofrem desemprego, assim como a violência.
Exatamente por isto Pochmann acredita que o prazo para a redução do índice de exclusão no país vai depender do crescimento da economia, e conseqüente redução do desemprego, assim como de políticas públicas voltadas ao combate à violência.
Dentro deste contexto a variável mais importante, sem dúvida, é o crescimento econômico, pois só assim será possível gerar empregos suficientes para os cerca de 1,5 milhão de brasileiros que entram no mercado de trabalho todos os anos. Somente através de um crescimento sustentado de 5% ao ano é que a economia seria capaz de absorver estes novos trabalhadores, assim como aqueles que já se encontram em situação de desemprego.