Entrevista: OdontoPrev não teme concorrência em bolsa e quer rivais como parceiras

José Roberto Pacheco, diretor de Controladoria e de RI, firma também compromisso de reduzir custo do lote padrão das ações

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SÃO PAULO – Líder no setor de odontologia no Brasil, a OdontoPrev diz estar preparada para assumir o comando da consolidação do setor, acelerando ainda mais o seu crescimento que tem superado os números do segmento no País.

“Esse é o principal mandato da companhia após o IPO: efetuar um processo de aquisições seletivas de planos odontológicos”, afirmou o diretor de Controladoria e de Relações com Investidores da empresa, José Roberto Pacheco, em entrevista exclusiva à InfoMoney.

O entusiasmo e a confiança passados por Pacheco na conversa indica que ainda há mais por vir. “Não fornecemos guidance de aquisições, mas os investidores da OdontoPrev sabem que como essa é a nossa principal prioridade, isso estará sempre na pauta”, diz.

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Parceiras

O executivo também diz não temer a entrada de empresas que oferecem planos odontológicos em bolsa. “Não comento sobre outras companhias de capital aberto, mas adoraria tê-las como parceiras”, afirma.

Além das estratégias da companhia, Pacheco também falou sobre as perspectivas para o setor de planos odontológicos no Brasil e firmou compromisso de baratear o lote padrão das ações para torná-lo mais acessível ao investidor individual.

InfoMoney – Quais foram as principais conquistas da empresa neste ano?

José Roberto Pacheco – Completamos um ano do IPO e durante este período registramos 34% de crescimento em número de associados e a remuneração aos acionistas foi de 80%. Estamos entregando tudo o que prometemos. Em 2006, o avanço foi de 32%.

IM – É possível dizer que a OdontoPrev é a melhor opção de investimento no setor de saúde na Bolsa?

Pacheco – Isso foi resultado da pesquisa InfoMoney onde fomos lembrados pelos usuários como opção de escolha no setor, que tem tido um rápido crescimento. O segmento de planos médicos no Brasil passou de 31 milhões de pessoas para 38 milhões de 2001 até meados de 2007. O que representa um crescimento de 3,5% ao ano.

No mesmo período, o setor de planos odontológicos passou de 3 milhões para 9 milhões de beneficiários, um crescimento anual de 19%. Ao passo que o setor de planos médicos cresceu muito em linha com o PIB brasileiro, o setor de planos odontológicos se desenvolveu com mais dinamismo, com crescimento 5 vezes superior ao PIB em cada ano.

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Temos 2 milhões de brasileiros como beneficiados e mais de 1.400 empresas com cerca de 14 mil dentistas credenciados em cerca de mil cidades do Brasil. Há quase uma década temos a liderança desse mercado e acreditamos que ainda há muito por vir em consolidação no setor.

IM – No prospecto do IPO, a empresa disse que poderia usar até 80% dos recursos arrecadados em aquisições. Quanto já foi gasto e qual a estratégia para novas aquisições?

Pacheco – Encerramos 2006, ano em que realizamos o IPO, com cerca de R$ 205 milhões em caixa sem qualquer dívida. Ao longo de 2007, realizamos duas primeiras aquisições desembolsando cerca de R$ 24 milhões na primeira e aproximadamente R$ 7 milhões na segunda. O total chegará a R$ 31 milhões.
”Cresceremos muito mais rápido do que o setor e realizando um processo de consolidação.”

Isso fez com que acelerássemos o ritmo de crescimento passando de 1,5 milhão de vidas atendidas no final de 2006 para cerca de 2 milhões atuais. No período de 2001 a 2006, o ritmo foi de 22% ao ano. No ano passado, chegamos a 32% e de setembro de 07 sobre o mesmo mês do ano passado avançamos 34%. Temos um maior número de associados do que o segundo, terceiro e quarto somados.

Cresceremos aceleradamente, muito mais rápido do que o setor e realizando um processo de consolidação. Esse é o principal mandato da companhia após o IPO: efetuar um processo de aquisições seletivas de planos odontológicos.

Apenas 4% dos brasileiros têm plano odontológico. O custo médio de um plano odontológico é de apenas 10% do preço de um plano médico. É muito atrativo mesmo para padrões brasileiros. O Brasil tem o maior número de dentistas do mundo, cerca de 210 mil, ou 10% de todos estes profissionais no mundo. O País é referência mundial na odontologia.

IM – Quanto está separado em caixa para novas aquisições?

Pacheco – Não fornecemos guidance de aquisições, mas os investidores da OdontoPrev sabem que como essa é a nossa principal prioridade, isso estará sempre na pauta, não só neste primeiro ano, mas ao longo dos próximos anos.

IM – Quais são os principais objetivos para 2008?

Pacheco – Temos vários vetores de crescimento. Desde 2001, a companhia vem organicamente crescendo sem qualquer aquisição. Também desenvolvemos novos canais de distribuição através de parcerias com empresas de varejo e instituições financeiras.

Acreditamos que o resultado combinado de crescimento orgânico com parcerias e aquisições seletivas vai resultar em um patamar de desenvolvimento muito diferenciado nos próximos anos.

IM – A empresa estuda alianças com parcerias que têm foco em planos de saúde?

Pacheco –Temos várias parcerias com planos de saúde e acreditamos muito no desenvolvimento deste canal nos próximos anos. Os planos médicos não têm o foco nem tecnologia para lidar com um setor de ticket médio tão baixo quanto é o setor de planos odontológicos.

Toda a nossa plataforma já está pronta e julgamos a OdontoPrev como parceiro ideal. Somos independentes, não temos vínculo com outro plano médico concorrente ou mesmo um banco ou uma seguradora.

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IM – Como o senhor vê a entrada de outras empresas, que também oferecem planos odontológicos, na Bovespa?

”Não comento sobre outras companhias de capital aberto, mas adoraria tê-las como parceiras”

Pacheco – A gente vê a concorrência com muito bons olhos. É muito saudável e importante o investidor perceber a mensagem de cada um dos players. Estamos absolutamente comprometidos com o setor de planos odontológicos, onde a companhia atua há 20 anos e tem 100% do foco.

Evidentemente que outros players de capital aberto podem estar se beneficiando do rápido desenvolvimento do setor de nos anos recentes. Não posso comentar muito sobre as outras companhias de capital aberto, mas adoraríamos, inclusive, tê-las como parceiras.

IM – Qual é a diferença entre uma empresa de planos odontológicos e os planos de saúde?

Pacheco – No Brasil e no mundo, o custo de um associado de um plano médico é crescente com o tempo, já num plano odontológico isso não é verdade. Nos dois primeiros anos do contrato há uma pressão de custos, reflexo da demanda reprimida na gestão de saúde bucal; depois há estabilidade nos custos neste primeiro ciclo de atendimento.

Focamos na prevenção da saúde bucal dos clientes. Isso faz com que tenhamos estabilidade de preços ao longo do tempo. Portanto, a nossa relação com os clientes corporativos é de longo prazo. Os planos de saúde, por sua vez, precisam de reajuste anual para cobrir a crescente pressão de custos.

IM – Como o senhor avalia o desempenho das ações da OdontoPrev?

Pacheco – A companhia é disparada a de maior rentabilidade do setor e é a opção dos investidores que querem se beneficiar do ritmo veloz do crescimento de planos odontológicos no Brasil.

Em dezembro de 2007, conquistamos um volume financeiro de R$ 2 bilhões em trading após o IPO. Isso nos enche de orgulho. Partimos de dois analistas e hoje são cerca de 8 analistas que cobrem a empresa. Esperamos que esse número desenvolva aceleradamente em 2008.

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Além disso, temos extremo interesse em nos aproximar do investidor pessoa física. Darei um exemplo concreto. O lote padrão hoje é de cerca de R$ 5 mil e temos estudado maneiras de baratear o lote para torná-lo mais acessível ao investidor individual. Essa é uma promessa e estamos estudando maneiras de viabilizar isso em 2008.