Drex deixará obsoleto debate sobre moeda comum entre Brasil e Argentina, diz Campos Neto

Moeda comum entre países não acha consenso entre Lula e presidente do BC

Maria Luiza Dourado

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Para Roberto Campos Neto, moedas digitais, como o Drex, tornam obsoleto o debate sobre uma moeda comum entre Brasil e Argentina. A fala do presidente do Banco Central foi concedida nesta quinta-feira (7), no Encontro Anual DREX 2023.

“Fui contra essa moeda comum por duas vezes. E esse debate vai ficar velho bem rápido. Se a gente tiver todos os países com moeda digital e todas as moedas digitais se conectando com liquidação imediata, qual é a vantagem de ter uma moeda única se você pode ter a mesma vantagem, que é velocidade e diminuição de fricção e custo de intermediação no comércio internacional tendo um sistema digital?”, analisou o representante do BC.

A ideia de uma moeda comum entre Brasil e Argentina é defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também aposta numa moeda comum entre os países do Mercosul. O objetivo de ambas as ideias seria diminuir a dependência do dólar nas negociações entre países cuja moeda não seja a americana.

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“O que acaba acontecendo hoje é que o comércio entre o Brasil e Argentina fica constrangido pela disponibilidade da moeda (dólar) de um terceiro país, não participante desse comércio. Hoje, nós temos no mundo um país que detém a sua moeda nacional como moeda internacional” afirmou, em janeiro, Gabriel Galípolo, então Secretário-executivo do Ministério da Fazenda e hoje diretor de política monetária do BC, se referindo aos Estados Unidos.

Transações comerciais

Após uma enxurrada de críticas, o governo Lula emitiu um comunicado, em março deste ano, negando que uma moeda comum entre Brasil e Argentina substituiria o real ou o peso argentino. Somente importações, exportações e demais transações seriam feitas baseadas no valor da moeda comum, sem depender do dólar norte-americano (como é atualmente).

“A moeda comum sequer chegaria a ser utilizada pela população. Seu uso seria apenas para transações comerciais entre os dois países. Assim, os países manteriam suas próprias moedas e a criação de uma nova moeda seria utilizada apenas pelo governo”, segundo trecho da nota do governo federal.

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O Drex, para Campos Neto, “traz o benefício (de velocidade, redução de fricção e custos), que hoje é visto como benefício de comércio internacional, para todo tipo de transação transfronteiriça”, completou.

Independentemente dos planos do governo federal brasileiro e da opinião do presidente do Banco Central, a vitória do ultradireitista Javier Milei à Presidência da Argentina afasta ainda mais a possibilidade de uma moeda comum entre os dois países.

Milei, que assume o cargo no dia 10, já afirmou que não faria negócios com o Brasil, nem com a China (os dois principais parceiros comerciais da Argentina). Ele ainda fez duras críticas a Lula, lançando dúvidas sobre as relações entre os dois países, parceiros históricos na América do Sul. Além disso, o candidato já chegou a defender a saída da Argentina do Mercosul, mas depois recuou e passou a defender apenas mudanças no bloco econômico.

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Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.