Do furto de água à pirataria: qual é o custo da ilegalidade no bolso dos brasileiros?

Brasil perde valor superior ao PIB de um estado como Santa Catarina em movimentações ilegais, aponta CNI

Estadão Conteúdo

Mulher pega em contrabando de iphones

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O Brasil teve um prejuízo econômico estimado em R$ 453,5 bilhões em 2022 devido às atividades do chamado “Brasil ilegal”, segundo relatório elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelas federações das indústrias de São Paulo (Fiesp) e do Rio (Firjan).

O valor é superior ao PIB de um estado como Santa Catarina, a preços de 2021. As movimentações ilegais envolvem:

Pelo estudo, divulgado durante evento na quinta-feira (18), os 15 setores produtivos analisados somaram perdas de R$ 297 bilhões nas arrecadações por conta de contrabando e pirataria. Outros R$ 136 bilhões se referem aos prejuízos diretos com os impostos que deixaram de ser arrecadados pelas diversas esferas de governo.

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A conta inclui até os chamados “gatos” (furtos de energia elétrica e água). Foram R$ 6,3 bilhões, cifra que leva em conta apenas a perda de arrecadação tarifária das concessionárias de energia elétrica. A quantidade de energia elétrica furtada em 2022 seria suficiente para abastecer todas as residências dos 39 municípios da Grande São Paulo durante um ano.

Já o custo das ligações ilegais de água chega a mais do que o dobro: R$ 14 bilhões. A quantidade de “gatos de água” é equivalente, em volume, a 2,6 vezes o sistema Cantareira, o maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo.

Dados do estudo também mostram que, só em 2022, a Receita Federal realizou aproximadamente 17.627 operações de combate ao contrabando, descaminho e importação irregular de mercadorias. A entrada de produtos de outros países de forma ilegal resultou na apreensão de R$ 3,78 bilhões em mercadorias ilícitas, menos de 1% do valor total mensurado no relatório.

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Empregos

Segundo o estudo, quase 370 mil empregos diretos com carteira assinada deixaram de ser gerados. O setor que mais perdeu com a ilegalidade foi o de vestuário, que deixou de empregar cerca de 64 mil trabalhadores. Em seguida, aparecem os setores farmacêutico e o de combustíveis, com 20,7 mil e 15,5 mil postos de trabalho, respectivamente.

“Queremos contribuir para que os governos adotem medidas mais rígidas para combater essa ilegalidade, investindo ainda mais em segurança pública em todo o país”, afirmou Carlos Erane de Aguiar, diretor da Fiesp e Firjan na área de segurança.

Também presente ao evento, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que o esforço deve ser de todos. “Não é só com a atuação da Polícia Federal e das polícias estaduais e municipais. (Segurança) Se faz, sobretudo, com inteligência e cooperação entre o Estado, setor privado e a sociedade. É uma responsabilidade de todos.”