Desconto na venda de imóveis é o menor desde 2014, e a pandemia ajuda a explicar isso

Abatimento médio sobre o valor anunciado foi de 9%, valor mais baixo já registrado em pesquisa do FipeZap realizada trimestralmente

Mariana Segala

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SÃO PAULO – Está ficando mais difícil negociar um desconto na hora de comprar um imóvel. A constatação é da pesquisa Raio-X FipeZap: Perfil da Demanda de Imóveis, relativa ao primeiro trimestre deste ano.

Segundo o levantamento, que ouviu 2.129 pessoas em abril, 10% afirmaram ter adquirido um imóvel nos últimos 12 meses. Dentre eles, 64% disseram que a transação envolveu algum desconto sobre o valor anunciado. Esse é o menor percentual registrado pela pesquisa desde julho de 2017.

E mais: o desconto médio foi de 9%, considerando apenas as transações que efetivamente tiveram alguma redução. É o valor mais baixo de toda a série histórica da pesquisa, realizada trimestralmente desde janeiro de 2014.

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Segundo Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap, o que se vê nos últimos meses é um mercado de imóveis residenciais aquecido, com lançamentos, vendas aumentando e preços num ritmo mais forte do que o imaginado no começo da pandemia.

“Isso tem a ver com os juros baixos, com o fato de o público de médio e alto padrão não ter sido tão afetado pelo desemprego e com a demanda por imóveis renovada pelos aspectos da pandemia em si”, explica. “As pessoas estão querendo mais espaço, prestando mais atenção à moradia e constatando que vão passar mais tempo em casa, mesmo após a pandemia”.

Em fases mais aquecidas, conforme Zylberstajn, é comum os descontos diminuírem, já que, devido à demanda, os vendedores podem se dar ao luxo de não ser tão flexíveis para fechar negócio.

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Novos ou usados?

Dentre as pessoas que compraram imóveis, a preferência pelos usados cresceu dos 66% registrados no quarto trimestre de 2020 para 70% atualmente, ampliando a distância para a média histórica da pesquisa, que é de 58%.

Também aumentou o percentual de pessoas que compraram um imóvel com o objetivo de morar nele, alcançando 61%, em comparação com os 39% de compradores interessados no negócio como investimento.

No fim do ano passado, a proporção era diferente: 54% dos respondentes afirmavam ter adquirido o imóvel para fins de moradia e 46%, para investir.

A pesquisa também questionou se as pessoas têm a intenção de comprar um imóvel nos próximos três meses. O pico foi atingido no terceiro trimestre do ano passado, quando 48% dos respondentes se declaravam compradores em potencial. Agora, o número baixou para 46%, mas ainda está acima da média histórica da pesquisa, de 37%. Entre eles, o objetivo de moradia predomina, sendo mencionado por 89%.

Outro elemento avaliado pela pesquisa foi a percepção em relação aos preços atuais. 66% dos respondentes classificaram os preços como “altos ou muito altos” e 24% disseram que eles estão “razoáveis”. Apenas 5%, consideraram os valores “baixos ou muito baixos”.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney