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Desaceleração da China não afetará tanto o Brasil, diz Paul Krugman

Situação chinesa é mais grave do que a que viveu o Japão, com quem o país costuma ser comparado

Equipe InfoMoney

Paul Krugman, participa da Fides 2023. Foto: Divulgação

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O economista Paul Krugman defendeu que o governo chinês adote medidas de estímulo ao consumo para retomar o crescimento do país e disse que a desaceleração da economia chinesa será um problema maior para a própria China do que para o resto do mundo — mesmo para países como o Brasil, que têm no gigante asiático seu maior parceiro comercial.

“O caso da China é fascinante. Sua economia foi talhada para taxas de crescimento muito elevadas. Conseguiram fazer isso por algum tempo, graças ao desenvolvimento tecnológico e à migração das pessoas das áreas rurais para as urbanas. Mas hoje não é mais possível. O desenvolvimento tecnológico deles começou a desacelerar, a população em idade ativa tem caído desde 2015. O crescimento sustentável da China hoje é em torno de 4%.”

Krugman afirmou que já estava claro que o modelo não era sustentável há uma década, mas que o governo chinês escondeu o problema criando uma imensa bolha imobiliária. Disse também que a situação chinesa é mais grave do que a que viveu o Japão, com quem o país costuma ser comparado.

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“A China parece não estar lidando com seus problemas tão bem como aconteceu com o Japão, onde também havia altas taxas de poupança. Há um aumento do desemprego entre jovens, o que levou o governo a parar de divulgar os dados sobre isso, o que não é muito encorajador.”

Questionado sobre como a América Latina pode sustentar o crescimento da região diante do cenário de desaceleração da China, Krugman minimizou o potencial de contágio. “Não estou certo de que veremos desaceleração global além do próximo ano. A situação da China afeta países exportadores de commodities como o Brasil, mas o país é mais do que isso. Não estamos vendo desaceleração em outros países, como a Índia.”