De Amanda à Juliette: quais ganhadores do BBB têm boas lições de finanças a ensinar?

Especialistas comentam estratégias financeiras adotadas pelos vencedores do reality

Equipe InfoMoney

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O vencedor (a) do Big Brother Brasil 2024 desta terça-feira (16) vai embolsar uma bolada de quase R$ 3 milhões de prêmio. Embora pareça muito dinheiro, não é raro ouvir casos de campeões do reality que perderam o valor conquistado ao longo dos anos, como Dhomini, Max Porto e Rodrigo Cowboy. Do outro lado, no entanto, há também bons exemplos, como Amanda Meirelles, ganhadora do BBB23 ou Cézar Lima, que alcançou o primeiro lugar em 2015.

A edição 24 está prestes a terminar, e o InfoMoney foi em busca de ganhadores que fizeram boas escolhas com o dinheiro que conseguiram do reality. Além de Amanda, que falou com exclusividade ao InfoMoney, a reportagem buscou informações divulgadas na imprensa das decisões financeiras tomadas por Cezar, Munik Nunes (edição 16), Emilly Araújo (17), Gleici Damasceno (18), Thelma Assis (20) e Juliette (21) — todos foram procurados pela reportagem, mas não deram retorno.

Consciência financeira

Amanda Meirelles ganhou R$ 2,88 milhões e segue com todo o patrimônio aplicado em investimentos cujo objetivo é multiplicar o que recebeu. “Cogitei comprar uma casa ou fazer uma viagem dos sonhos assim que o dinheiro caiu na conta. Mas a principal lição que tenho dessa experiência é que essa quantia pode parecer alta, mas não é. O que eu fiz foi investir pensando no médio e longo prazo”, conta a ganhadora da edição de 2023, em entrevista ao InfoMoney.

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Essa lógica também foi a escolha de Thelma Assis, a “Thelminha”, que ganhou R$ 1,5 milhão no BBB 20 e já afirmou em algumas oportunidades que pensa no longo prazo, sem detalhar seus objetivos. “Um investimento de longo prazo pode ser voltado para juntar recursos para a compra de um imóvel, durante dez anos, ou para a aposentadoria, por exemplo, e aí estaríamos falando de pelo menos 20 anos investindo”, sugere Paula Bazzo, planejadora financeira pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).

De opções para o longo prazo, Bazzo destaca os fundos de previdência, que possuem benefícios tributários com uma alíquota de até 10%, a menor entre os produtos tributáveis. Além deles, é válido considerar produtos de renda fixa corrigidos pela inflação, como o Tesouro IPCA +, que trazem bons rendimentos reais, e até de renda variável, como o investimento em ações de uma empresa rentável e financeiramente saudável.

Amanda adotou uma postura mais cautelosa com a maior parte do prêmio: tem cerca de R$ 2,5 milhões aplicados em renda fixa e R$ 400 mil em renda variável, além de uma renda passiva mensal que gira em torno de R$ 23 mil.

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“Do total em renda fixa 45% está em pós-fixado, 40% em inflação e 15% em ativos prefixados. Em renda variável tenho ações, fundos de investimentos e fundos imobiliários. Dividi dessa maneira porque não tenho estômago para mais risco do que tem na minha carteira hoje”, afirma. Ela demorou cerca de um mês e meio para receber o valor do prêmio, depois de vencer o programa, em abril de 2023. Em seguida já aplicou os valores.

Ao InfoMoney, Amanda compartilhou alguns ativos de renda fixa que investe:

“Apesar do perfil dela ser mais conservador, com cerca de 84% do patrimônio em renda fixa, investiu os valores em um período de juro alto [junho de 23] e ainda estamos em dois dígitos. Ela acertou ao procurar ganhos acima da inflação para manter o poder de compra”, avalia Isabella Brandão, planejadora financeira CFP e sócia da Oikos, consultoria patrimonial.

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A especialista acrescenta que as escolhas de ativos compartilhadas por Amanda são pertinentes ao seu contexto. “A diversificação, mesmo dentro de renda fixa, é super importante para que o patrimônio fique protegido e esteja exposto aos ganhos de maneira estratégica”, diz Brandão.

Já Cezar Lima, vencedor do BBB 15, tem um perfil de investidor mais arrojado. Segundo relatos dele à imprensa, o prêmio de R$ 1,5 milhão que ganhou foi investido na Bolsa de Valores e hoje ele recebe uma quantia relevante em dividendos.

“Na hora de montar uma estratégia para viver de dividendos, é importante observar o custo de vida. Adotando o cenário hipotético de uma remuneração de dividendos de 6% anual sobre R$ 1,5 milhão em ações, estaríamos falando de R$ 90 mil por ano – isso equivaleria a R$ 7,5 mil por mês, que pode ser muito ou pouco, a depender do padrão de vida que estamos falando”, estima Paula Bazzo, planejadora financeira pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).

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Amanda também adota a estratégia e revelou que consegue, de renda passiva, incluindo dividendos, uma média de R$ 23 mil por mês. Ela adiciona que quer diversificar também sua fonte de renda, que hoje vem basicamente de seus investimentos e publicidades de marcas parceiras.

“Quero aumentar a exposição nas redes sociais, investir mais em comunicação e na vida empreendedora”, diz. Com exclusividade ela compartilhou que fez seu primeiro aporte, de R$ 200 mil, em novembro do ano passado e virou sócia da startup Conectadoc, de Curitiba (PR).  

“A empresa atua na transformação digital na área da saúde: tem softwares de UTI para hospitais e até linha de financiamento para pacientes. Me chamou a atenção porque é um negócio na minha área. É um investimento, mas também posso contribuir tecnicamente”, disse a agora empresária. Neste ano, ela avalia mais aportes, além de participar de forma mais ativa do negócio.

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Investir x casa própria

A compra de imóveis é uma decisão comum entre os ganhadores do BBB: Emilly Lima, Gleici Damasceno e Juliette, por exemplo, usaram o prêmio para realizar o sonho da casa própria.

Bazzo ressalta que a casa não é só um bem: traz conotação de segurança. Por isso, mesmo que financeiramente seja mais interessante deixar um montante relevante rendendo, a aquisição de um imóvel pode fazer sentido para muitas pessoas. “Mas, para o sonho não virar pesadelo, a proporção de custos deve ser adequada, ou seja, considerar que um imóvel traz um conjunto de gastos – manutenção, condomínio, IPTU etc. Assim, no caso de vencedores do BBB, o imóvel comprado deve ter um valor muito inferior ao prêmio”, avalia a planejadora da Planejar.

Amanda faz parte da outra fatia. “Hoje moro de aluguel e tenho o sonho da casa própria, mas vou esperar. Quero aumentar o patrimônio antes de comprar minha casa. Não quero dar o passo maior que a perna”, diz a médica.

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“Ao fazer um financiamento, modalidade comum para adquirir a casa própria, a pessoa vai trocar tempo por dinheiro: a fim de ter sua casa antecipadamente, ela escolhe pagar mais caro — por conta dos juros. E não é errado, é uma opção que se tem. Importante também equilibrar a construção do patrimônio com o bem-estar ao longo da vida”, ressalta Brandão, da Oikos.

Juliette é exceção

Juliette já compartilhou em diversas entrevistas que utilizou todo o seu dinheiro do prêmio, R$ 1,5 milhão, para comprar casa e carro para sua mãe e irmãos.

Apesar das recomendações das especialistas, Juliette é um exemplo fora do comum, mesmo para as proporções do BBB nos últimos anos. Seu alcance foi incomum e não foi reproduzido desde então: hoje, ela acumula mais de 30 milhões de seguidores no Instagram e uma série de parcerias com marcas em contratos salgados de publicidade, como Havaianas, L’Occitane, Pantene, Avon, Americanas, GloboPlay, C&A, Bohemia e Mondial. Além disso, a advogada apostou na sua carreira de cantora, com o álbum Ciclone, com a chancela de Anitta e sua equipe.