Crédito imobiliário com recursos da poupança deve voltar a ser recorde e bater R$ 195 bi em 2021

Crescimento previsto é de 57% no ano, segundo a Abecip. Volume de financiamento em 2020 foi de R$ 124 bilhões e no 1º semestre de 2021, de R$ 97 bilhões

Mariana Segala

Ilustração (Natee Meepian/Getty Images)

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SÃO PAULO – Após bater recorde no ano passado e também no primeiro semestre de 2021, o financiamento imobiliário com recursos da poupança deve fechar o ano totalizando R$ 195 bilhões, o que marcará um crescimento de 57% em relação a 2020. O volume no ano passado foi de R$ 124 bilhões. De janeiro a junho deste ano, já alcançou R$ 97 bilhões.

A projeção e os dados foram divulgados hoje pela Abecip (Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança) e considera tanto os recursos mobilizados pelos consumidores finais para a compra de imóveis quanto os tomados pelas construtoras para a execução das obras.

“O financiamento às aquisições está sendo o grande propulsor. Neste ano, batemos pela primeira vez a marca de R$ 15 bilhões em concessões num só mês, agora em junho”, disse Cristiane Portella, presidente da associação, em entrevista coletiva. A título de comparação, em junho de 2020 o volume de financiamentos para aquisição de imóveis havia somado R$ 7 bilhões.

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Os dados da Abecip mostram que houve variações entre as regiões e os estados, embora se verifique uma onda positiva em todo o país. No primeiro semestre de 2021, o volume de crédito imobiliário cresceu mais no Rio Grande do Norte (193%), Pará (184%), Ceará (169%), Maranhão (161%) e Sergipe (154%). Nenhum estado registrou recuo no período.

Do financiamento para a aquisição, Cristiane destacou a prevalência das operações envolvendo imóveis usados, que avançaram em um ritmo mais intenso do que as transações com imóveis novos. Os dados mostram que, no primeiro semestre, os imóveis usados representaram pouco menos de 70% de todo o volume concedido em crédito imobiliário. Em 2018, a distribuição era praticamente igual entre novos e usados. “Acreditamos que havia estoque de apartamentos para serem vendidos desde 2019, que acabaram sendo desovados em 2020 e 2021”, explicou.

Neste ano, houve um pequeno incremento na inadimplência da carteira de crédito imobiliário com recursos da poupança, saindo de 1,6% em 2010 para 1,8% em junho de 2021. “Dado que estamos vendo aumento do emprego formal acumulado e dada a relevância do imóvel no orçamento das famílias, não vemos que a inadimplência será uma questão importante, nem vai diminuir o apetite das instituições para conceder crédito”, disse Cristiane. Segundo ela, o período mais agudo da pandemia passou com as instituições flexibilizando condições. Agora, com a economia mais normalizada, não deverá ser diferente.

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Para o cenário de juros do financiamento imobiliário, Cristiane ressaltou que naturalmente as instituições financeiras ajustarão suas taxas, acompanhando a trajetória de alta da taxa básica, a Selic. Mas considerando o funding da indústria, que são os recursos aplicados na caderneta de poupança, isso tem um limite.

Pelas regras de remuneração vigentes desde 2012, a poupança paga 70% da Selic quando a taxa está abaixo de 8,5% ao ano. Quando sobe acima desse patamar, passa a oferecer aos investidores uma taxa fixa de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano). Assim, mesmo que a Selic voltasse para dois dígitos – cenário não considerado pela Abecip pelo menos nos próximos 10 anos – o custo do funding dos bancos seria inferior. Isso permitiria que mantivessem condições mais atrativas para o financiamento imobiliário.

“Devemos verificar no segundo semestre ajustes para cima dos juros, mas não necessariamente na mesma magnitude de Selic, pois os financiamentos imobiliários são de longo prazo, temos um momento de competição pró-consumidor entre as instituições. Se olharmos para o histórico, ainda serão taxas atrativas”, disse Cristiane. “Nem de perto chegaremos no que eram as taxas em 2017, quando passavam de 11% ao ano”. Atualmente, não é raro encontrar instituições trabalhando com juros abaixo de 7% ao ano.

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De toda forma, segundo a executiva, vale a pena para os consumidores interessados em comprar um imóvel acompanhar os movimentos do mercado. Além dos ajustes previstos para as taxas do financiamento imobiliário, o setor já verifica uma recomposição dos preços de casas e apartamentos pelo país. “Considerando os próximos anos, o melhor momento para comprar é agora”.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney