Sinal vermelho: super-ricos estão gastando menos nos EUA

De imóveis e varejo a carros clássicos e arte, o segmento mais fraco da economia americana atualmente é o dos mais ricos    

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – As pessoas mais ricas dos EUA estão cortando gastos e inflando temores de uma recessão lenta que começa no topo da pirâmide. De imóveis e varejo a carros clássicos e arte, o segmento mais fraco da economia americana atualmente é o dos mais ricos. 

Enquanto a classe média continua gastando, os economistas afirmam que a repentina retração entre os mais ricos pode resultar em um efeito cascata no restante da economia e criar mais um obstáculo ao crescimento.  

Sinal de alerta para setores de luxo 

O setor imobiliário de luxo está tendo seu pior ano desde a crise financeira, com mercados caros, como Manhattan, registrando seis trimestres consecutivos de queda nas vendas. 

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De acordo com a corretora de imóveis Redfin, as vendas de casas com preço igual ou superior a US$ 1,5 milhão caíram 5% nos EUA no segundo trimestre. Mansões e coberturas não vendidas estão se acumulando em todo o país. 

Os varejistas também estão enfrentando um momento complicado. O pedido de falência da Barneys e a Nordstrom registrando queda de receita nos últimos três trimestres. Ambas são lojas de departamento de luxo. 

Enquanto isso, o Walmart e a Target, que atendem ao consumidor classe média, estão relatando tráfego e crescimento mais fortes do que o esperado.

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Nos leilões de carros da Pebble Beach, na Califórnia, conhecidos por quebrar recordes de preços, os carros mais caros não foram escolhidos. Menos da metade dos carros oferecidos por US$ 1 milhão ou mais foram vendidos. Mas os carros com preço abaixo de US$ 75 mil foram vendidos rapidamente – muitos por valores bem acima das expectativas. 

No primeiro semestre de 2019, as vendas de leilões de arte caíram pela primeira vez em anos. As vendas da casa de leilão Sotheby’s caíram 10% e as vendas da empresa de arte Christies caíram 22% em relação ao ano anterior.

Vale ressaltar que partes da economia de luxo não foram afetadas, como as vendas de carros novos e os relógios suíços.  

O que está acontecendo?

Existem duas razões principais para a queda: mercados voláteis e desaceleração do crescimento global. Os 10% mais ricos possuem mais de 80% das ações nos EUA, portanto, são muito mais sensíveis às recentes oscilações em ações e títulos.

Além disso, como muitos dos ricos também possuem empresas que fazem negócios no exterior ou têm exposição a outras economias, essa classe social se torna um sistema de alerta precoce para as tempestades econômicas que se formam em todo o mundo.

O consumidor de classe média, no entanto, está sendo estimulado por uma taxa de emprego forte e um mercado imobiliário relativamente estável.

A economia dos EUA, que há mais de uma década foi definida pelos ricos, colhendo os ganhos e alimentando os gastos, agora mudou. 

Os ricos ainda têm muita riqueza para gastar – mas são impulsionados pela confiança e certeza, o que não estão encontrando nos mercados de ações globais e em meio à guerra comercial. 

Os 10% mais ricos respondem por quase metade de todos os gastos dos consumidores, segundo Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, à CNBC. Mas seus gastos caíram nos últimos dois anos, enquanto os gastos para a classe média se aceleraram.

“Se os consumidores de alta renda reduzirem ainda mais seus gastos, será uma ameaça significativa à expansão econômica”, disse Zandi. 

A economia dos ricos também aumentou. Na verdade, mais do que dobrou nos últimos dois anos, o que sugere que estão acumulando dinheiro, de acordo com o economista.  

“Se o crescimento do emprego desacelerar ainda mais, o desemprego começará a aumentar (afetando os assalariados médios) e resultando em uma desaceleração econômica [nos EUA]”, disse Zandi. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.